VERSOS DO DESENGANO
VERSOS DO DESENGANO
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O Mundo não me vê. Sou invisível
Como as teimosas ervas dos caminhos
E estes meus versos frágeis, comezinhos,
Não passam de um rumor quase inaudível...
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Não fosse eu tão humana, perecível
E eterna escrava dos meus desalinhos...
Mas os astros também morrem sozinhos
E nem esse teu deus foi infalível!
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O que é o Mundo, amor que um dia amei,
Se não a rocha astral em que me sei
Até que um dia deixe de saber-me
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E se os infindos beijos que deixei
Nos versos dos poemas que engendrei,
Não me tornam maior que um simples verme?
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Mª João Brito de Sousa
16.04.2022 - 11.45h
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Memorando o soneto VERSOS DE ORGULHO de Florbela Espanca
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