VENTO EXPRESSIONISTA
VENTO EXPRESSIONISTA
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O vento, que soprava em rabanadas,
Passou por mim, prendeu-me nos seus braços
E deixou-me suspensa nos espaços,
Sem chão, nem asas, ou de asas cortadas.
*
É louco o vento! Loucas as nortadas
Que me deixam assim, feita em pedaços,
De sopro em sopro e dispersada em traços
Como se fosse a soma de alguns nadas...
*
Desfez-me toda, o vento, e no entanto,
Se o seu sopro se acalma e se detém,
Volto a ficar inteira, por encanto.
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Cada traço disperso volta sem
Errar caminho e recontrói-se o tanto
Que eu sou, que traço a traço me contém.
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Maria João Brito de Sousa – 20.12.2018 – 15.59h
Desenho de JULIO retirado daqui