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poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.

Jun25

UMA GAONESA EM ARTE MAIOR, PARA VARIAR

Maria João Brito de Sousa

Imagem Pinterest

SONHO IMPROVÁVEL

PARA UMA CIVILIZAÇÃO

EM GUERRAS CONSUMIDA
*

Gaonesa Decassilábica

Em arte Maior
*

Pudesse eu acordar e dar por mim

Noutro ponto qualquer deste planeta

Ou mesmo nalgum astro mais distante

Que alcançasse montada num cometa

Cuja viagem só tivesse fim

Num mundo onde abundasse o amor à vida

E onde eu pudesse, de forma discreta,

Pousar, sorrir e ser bem recebida

E a todos abraçar gerando assim

Um afecto tão puro quão constante,

Talvez a Terra, em guerras consumida,

Abrandasse o furor beligerante...
*

Mª João Brito de Sousa

13.06.2025
***

publicado às 11:31

17 comentários

Teresa Palmira HOFFBAUER 13.06.2025

Poema que nos leva a um sonho de paz e amor, uma utopia que, mesmo distante, permanece viva na poesia dos meus amigos poetas. A beleza da poesia está justamente nisso: ela faz sonhar com um mundo melhor, onde o amor e a compreensão possam florescer, mesmo diante das dificuldades. As utopias também oferecem desafios e podem levar à frustração. Abraço da pragmática que lhe deseja um bom fim-de-semana.

A imagem é lindíssima e poética.
Maria João Brito de Sousa 13.06.2025

Muito obrigada pelas suas palavras, Teresa.

Na realidade, quem eu penso que me está a conduzir à frustração - ou à exaustão... - é esta minha Alma/Musa que ainda não se convenceu de que há muito passei os meus dezoito aninhos. Quanto ao palerma do meu corpo, esse segue-a religiosamente, ainda que aos tropeções e quase a cair da tripeça...

Como isto já me aconteceu várias vezes neste último ano, prevejo que vá cavalgar o corcel de fogo da poesia até me dar um faniquito que me obrigue a ficar várias semanas sem ler nem escrever. Acredito que o velho ditado que afirma que "quem corre por gosto não cansa" não deve aplicar-se aos idosos , sobretudo quando têm um sem fim de mazelas crónicas.

Este tipo de poesia, a Gaonesa, era-me completamente desconhecido até à noite de ontem e quase tenho pena de ter perdido o hábito de colocar a hora junto á data, porque estou convicta de que o escrevi já meia a dormir.

Creio que este outro velho ditado "burro velho não aprende línguas", não deve aplicar-se a ninguém e está profundamente errado, a menos, claro, que soframos de alguma grave patologia neurológica.

A imagem foi-me entregue pela Pinterest, via correio electrónico. Desta vez não foi o Chat-GPT que me ajudou a ilustrar a Gaonesa decassilábica, embora eu comece a estranhar a forma como "ele" se "inspira" no que escrevo para pintar exactamente o que eu queria que ele pintasse.

Bom fim-de-semana e um abraço, Teresa

Brancas nuvens negras 13.06.2025

Essa é a nossa aflição, não temos para onde fugir. Fugimos para dentro de nós.
Um abraço.
L
Maria João Brito de Sousa 13.06.2025

É simplesmente esplêndida essa sua ideia/frase da fuga para dentro de nós, L:, nem encontro palavras para lhe responder...

Obrigada e um forte abraço

Janita 13.06.2025

Que bom seria se tal fosse possível.
Infelizmente, temos de ir vivendo uma vida em morte lenta.
Beijinhos, Maria João
Maria João Brito de Sousa 13.06.2025

Olá, Janita

É essa a lei da vida e, de quando em quando, parece-nos demasiado dura, mas a renovação é um imperativo de todas as coisas e de todas as espécies...

A alternativa ao envelhecimento e à decadência é muito, muito pouco apetecível, amiga.

Prefiro continuar a envelhecer viva a cair já nos braços da senhora da gadanha...

E temos sempre a imaginação para nos levar, ainda que por breves instantes, a voar até mundos mais do que perfeitos.

Beijinhos, Janita

cheia 13.06.2025

Podemos sonhar, e isso poderá ajudar-nos a estes tempos duros, ultrapassar.
Bom fim-de-semana, Maria João!
Um abraço.
Maria João Brito de Sousa 13.06.2025

Olá, Cheia!
Tem toda a razão, o sonho vai-nos ajudar a ultrapassar quase tudo. Tristes dos que "não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida", como diria o grande António Gedeão.

Aquilo que mais me dói, embora eu não possa estar completamente segura de que o altruísmo puro existe, são os muitos milhares que vão morrendo em massacres e guerras fratricidas sem terem tido, sequer, a oportunidade de sonhar...

Mas prefiro calar-me a deixar aqui palavras demasiado pesadas para a nossa frágil e humana condição.

Sonhemos e abracemo-nos ainda que apenas virtualmente

lis 14.06.2025

Desconhecia essa forma poética que parece ter sido inventado por um poeta com esse sobrenome. Algo assim. E a sua gaonesa é quase uma utopia _ seria muito bom alcançar algum cometa e o máximo que podemos é nos abraçar virtualmente nesse planeta imaginário que criamos aqui e que perto ou longe abranda a dor e desejo.
Gostei demais , Maria João e o que é admirável é essa capacidade de apesar de algumas mazelas sua musa continua lhe presenteando com tanta beleza, tanta sabedoria e tanta poesia que me deixa encantada. Parabéns amiga esse soneto é tudo ! Há nele serenidade e uma grande dose de ternura pousando aqui em mim. Beijinhos e que continue voando alto e criando essas maravilhas. Meu abraço, com carinho.
Maria João Brito de Sousa 14.06.2025

Olá, Lis

Também eu desconhecia a Gaonesa até anteontem , minha querida. Tudo o que posso dizer-te é que nasceu no período neoclássico, sendo, portanto, posterior ao nascimento do soneto e tem duas apresentações rimáticas : abcbadbdacdc para a apresentação em Arte Menor e
ABCBADBDACDC para a apresentação em Arte Maior, que foi a que escolhi para esta minha viagem interestelar.
Obrigada por teres gostado, mas, pelamordassanta não confundas a Gaonesa com o Soneto, Lis! Embora eu tenha aberto uma excepção para ela ao publicá-la no meu blog dos sonetos, as duas estruturas são completamente diferentes ... a única semelhança está no verso que, tal como no soneto, pode ser heptassilábico, decassilábico, hendecassilábico, etc... Escolhi o decassilábico, que é o que utilizo mais frequentemente.
E sim, esta Gaonesa descreve uma Utopia, mas as Utopias existem para nos ajudarem a caminhar e para nos apontarem caminhos, como diria Galeano.

A minha Musa, que é a minha Alma, anda a puxar demasiado pelo meu corpo que está em farrapos e mal se aguenta em pé, rsrsrsrs

Para ti, também, um abraço com muito carinho
Maria João Brito de Sousa 14.06.2025

Agora é que vi que os dois esquemas rimáticos são iguaizinhos. Sei que não foi engano meu porque fiz "copy-paste" ... Vou ter de pesquisar bastante mais este formato poético, desculpa.
Agora não, que estou exausta e tenho de descansar os olhos, mas fá-lo-ei.

Beijinhos, Lis

Francisco Carita Mata 14.06.2025

Pudéssemos, nós, sonhar / sem traumas, nós, acordar...
Não sei o que é Gaonesa!
Paz!
Maria João Brito de Sousa 14.06.2025

Só temos duas saídas óbvias e uma outra bem mais escondida e difícil de localizar, Francisco:

Ou nos mantemos estupidamente alheados ao que se passa no mundo, ou vamos sendo diariamente massacrados pela realidade... resta-nos tentar descobrir a outra saída...

Eu também só anteontem fui apresentada à poesia Gaonesa que data do período neoclássico e tem dois esquemas rimáticos: ABCBADBDACDC para a Arte Maior e outro que não consigo recordar agora, para a Arte Menor. Pode utilizar os versos heptassilábico, eneassilábico, decassilábico, hendecassilábico e dodecassilábico, alexandrino ou não. Por enquanto é tudo o que sei sobre este formato poético.

Saúde e PAZ, meu amigo!

Ana Tapadas 14.06.2025

Um poema que é um sonho de Paz...
Minha amiga, leve-me consigo para esse lugar do ouro!
Um abraço
Maria João Brito de Sousa 14.06.2025

Se eu pudesse, querida Ana, faria mais do que isso, traria uma aproximação de Paraíso aqui para a nossa massacrada Terra. A absoluta perfeição é incompatível com a nossa humana natureza, mas podemos e devemos melhorar muito.

Um abraço amigo

Fernando Ribeiro 15.06.2025

Julgava eu que depois de Petrarca já tudo tinha sido inventado em termos de poesia. Afinal estava enganado, porque a Maria João nos presenteia com uma gaonesa, que é uma coisa de que eu nunca tinha ouvido falar. Fui à procura e encontrei isto:
https://edwingaonasalinas.blogspot.com/2023/06/gaonesa-nueva-estructura-lirica.html

A Maria João não escreveu o poema só porque sim; escreveu um hino à fraternidade e à paz. Honra lhe seja feita.

Fernando Ribeiro

P.S. - A imagem que ilustra este poema fez-me lembrar imediatamente "O Principezinho", de Antoine de Saint-Exupéry.
Maria João Brito de Sousa 15.06.2025

Boa noite, Fernando.

Também eu desconhecia a Gaonesa até ela me ser apresentada, anteontem, por um amigo de longa data.

Obrigada pela gentileza das elogiosas palavras e pelo link que já visitei mas ao qual tenciono voltar amanhã, quando os meus olhos estiverem um pouco menos cansados.

Creio que nunca escrevo "só porque sim", excepto quando estou na brincadeira/desgarrada com algum amigo/a. Habitualmente escrevo porque... olhe, nem sei bem se sei explicar isto, mas tenho a sensação de que escrevo porque um poema se me impõe...

O crédito da imagem pertence à Pinterest, mas não foi por mero acaso que a utilizei para ilustrar esta Gaonesa, foi porque também a mim me remeteu para Antoine de Saint-Exupéry.

O meu fraterno abraço

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