UM PÃO QUE NÃO TEM PREÇO
UM PÃO QUE NÃO TEM PREÇO
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A grandeza do poeta não se mede;
Em metros não se conta. Em peso, pesa
Exactamente quanto a natureza
De mãos dadas c`oa sorte lhe concede.
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Se a verso usado um novo se sucede,
De espantos se lhe mede essa grandeza
Pois se o não satisfaz certa certeza,
Procura a que lhe dê mais que o que pede.
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Cavalga-me o poema os dias mornos
Sem esporas e sem sela, nem adornos,
Perdendo-se em lonjuras que não meço...
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Logo um segundo acode. Os seus contornos
Começo a vislumbrar. Acendo os fornos
Em que cozinho um pão que não tem preço.
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Maria João Brito de Sousa - 26.09.2020 - 12.11h
Imagem - Os Comedores de Batatas - Vincent Van Gogh, 1885