UM LENÇOL DE ÁGUA PURA E LINHO CRU - Reedição
Eu, depois do banhinho, fotografada pelo meu pai, 1952
*
UM LENÇOL DE ÁGUA PURA E LINHO CRU
*
É lençol de água pura e linho cru
Este amor que se expande e gratifica,
Que não tem voz, mas te trata por tu
E em ternura te eleva e multiplica
*
Tal qual nasce um menino e, todo nu,
Reduz a nada a imensa dor que implica
O parto, qual memória de baú
Que se revê quando já nada a explica...
*
Cobrimo-lo de panos pra que aqueça,
Amparamos-lhe a queda, se tropeça,
Tentamos dar-lhe tudo, nada tendo
*
E o mesmo fazemos, sem sabê-lo,
Se a mão nos obedece ao estranho apelo
De um verso que nos nasce e vai crescendo...
*
Maria João Brito de Sousa
Oeiras, Portugal
***