TANTO MAR...
TANTO MAR...
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(Em verso dodecassilábico alexandrino)
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Amei, quando era tempo, o ramo em fruto e flor.
Agora é bem menor, mais fraco o meu talento,
Bem menos turbulento e atenuado em cor,
Mas é ainda amor quanto hoje represento.
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De quando tudo enfrento ao rir-me face à dor,
Renego-lhe o pior. Com muito ou pouco alento,
Tiro do mau momento o que haja de melhor;
Irónico, o esplendor, e estranho, o seu sustento...
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Assim será por fim quando a luz se apagar
E nem mesmo o luar eu veja sobre mim,
Que é mesmo só assim que agora devo amar
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Sabendo cultivar, não rosas de jardim,
Mas ramos de alecrim, do tal que cruza o mar
Pra poder inspirar mundos que o são sem fim.
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Maria João Brito de Sousa – 24.11.2018 – 14.47h