TALVEZ...
(Soneto Petrarquiano)
Talvez um dia - eu posso lá saber... -,
No culminar do ser, que é toda a morte,
Um verso suavemente me conforte
E a morte, em vez de dor, me dê prazer...
Talvez, talvez, talvez... ouso dizer,
Apesar de saber ser certa a sorte
De me perder da bússola e do Norte,
Talvez nem dê por ela, se a escrever
E, deixando por cá quanto me importe,
Pouco importe, depois, quando vier
E seja a morte apenas um transporte,
Ou seja quanto eu dela pretender
Quando, cansada de mostrar-me forte,
Puder ficar cansada de viver...
Maria João Brito de Sousa - 12.01.2017 - 12.05h
Imagem - "Nu, feminino" , Manuel Ribeiro de Pavia