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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
16
Abr24

DIALOGANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO XXIII

Maria João Brito de Sousa

- oEIRAS, eVENTO NAS PALMEIRAS, POESIA, 2021 (1).jpg

Eu, fotografada por Rogério V. Pereira

*

DIVERSOS DÕES REPARTE O CÉU BENINO
*

 

Diversos dões reparte o Ceo benino,

E quer que cada huma alma hum só possua;

Por isso ornou de casto peito a Lua,

Que o primeiro orbe illustra crystallino;
*


De graça a Mãe formosa do Menino,

Que nessa vista tẽe perdido a sua;

Pallas de sciencia não maior que a tua:

Tẽe Juno da nobreza o imperio dino.
*


Mas junto agora o largo Ceo derrama

Em ti o mais que tinha, e foi o menos

Em respeito do Autor da natureza.
*


Que a seu pezar te dão, formosa dama,

Seu peito a Lua, sua graça Venos,

Sua sciencia Pallas, Juno sua nobreza
*


Luís de Camões
***


Eu que formosa fui em tempos idos

Mas despojada estou dessoutros dões,

Não sei por que converso com Camões

Se o grande vate não quer dar-me ouvidos...
*


Ainda que me cubra de vestidos,

De jóias de quilate e de galões,

Este corpo é tão falho em atracções,

Quão fértil em maleitas e pruridos!
*


De infindos dões, contudo, fui dotada

P`lo já citado Autor da natureza

Que mui pródigo foi para comigo
*


Ao dar-me a voz que deu, pra ser cantada,

Ao deixar-me morrer voltando ilesa

E ao ceder-me um tal Mestre enquanto amigo.
*

 

Mª João Brito de Sousa

16.04.2024 - 11.00h
***

 

 

O Soneto de Camões foi transcrito do blog Sociedade Perfeita

28
Mar24

DIALOGANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO XXIII

Maria João Brito de Sousa

estranho par pinterest.jpg

Imagem Pinterest

*

 

DIALOGANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO XXIII
*

 

COMO QUANDO DO MAR TEMPESTUOSO

*


Como quando do mar tempestuoso

O marinheiro todo trabalhado,

De hum naufragio cruel sahindo a nado,

Só de ouvir fallar nelle está medroso:
*

Firme jura que o vê-lo bonançoso

Do seu lar o não tire socegado;

Mas esquecido ja do horror passado,

Delle a fiar se torna cobiçoso:
*


Assi, Senhora, eu que da tormenta

De vossa vista fujo, por salvar-me,

Jurando de não mais em outra ver-me;
*


Com a alma que de vós nunca se ausenta,

Me tórno, por cobiça de ganhar-me,

Onde estive tão perto de perder-me.
*

Luíz de Camões

***

 

Se vos haveis ganhado onde perdido

Estivestes quase, quase, em fúria tanta,

Cuidai de vos cuidar que se alevanta

Tormenta bem maior que a que heis sentido
*


Imensa em força, doble em arruído

E capaz de vergar mesmo Atalanta,

Esta a todas as outras as suplanta

Pois mais de mil borrascas há vencido
*


Fugi então de ouvir novas de mim:

Se da fúria primeira vos salvastes,

Quiçá duma segunda o não possais...
*


Fugi com vosso frágil bergantim

Da extrema indignação que provocastes

Conquanto de inocência vos cubrais!
*


Mª João Brito de Sousa

28.03.2024 -11.00h
***

 

O soneto de Camões foi transcrito do blog Sociedade Perfeita

24
Nov16

GLOSANDO MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE XXIII

Maria João Brito de Sousa

008.jpg

 

QUANDO A LUA TARDAVA DE LUAR



Bebi o néctar fresco desse olhar

Numa tarde ofuscada plo sol pôr 

Quando a lua tardava de luar

E as sombras se alongavam sem pudor

 

E, esqueci-me das horas nesse mar

Nas ondas encrespadas pelo amor

Que vão adormecendo devagar

Num arrasto espumoso de candor

 

Havia no céu lápis de carvão 

Que peenchiam nuvens em fusão 

Na noite que beijou restos da lua

 

Lentamente caíram gotas frias

Que afagaram meu corpo em cortesias

Cobrindo minha pele ainda nua

 

 

MEA

23/11/2016



OUSADIAS DE UMA POETA SINESTETA



"Bebi o néctar fesco desse olhar",

Provei o pão das bocas mais famintas,

Mas fui matando a fome num manjar

Composto por pincéis, telas e tintas



"E esqueci-me das horas nesse mar"

Que também será meu, caso o consintas,

Pois que, sem to pedir, te ouso glosar

Com letras de impressão, negras, retintas...



"Havia no céu lápis de carvão"

E eu, que os tinha mesmo ali, à mão,

Usei-os pr`a esboçar-te algumas glosas;



"Lentamente caíam gotas frias"

Sobre estas letras que outras ousadias

Coloriam de azuis, brancos e rosas...





Maria João Brito de Sousa - 23.11.2016 -17.53h



 

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