DIALOGANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO XXI
Imagem retirada do blog "As Palavras São Armas"
de Cid Simões
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CÁ NESTA BABILÓNIA DONDE MANA
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Cá nesta Babilónia donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá donde o puro Amor não tem valia;
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
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Cá donde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá donde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;
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Cá neste labirintho onde a Nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Ás portas da Cobiça e da Vileza;
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Cá neste escuro caos de confusão
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
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Luíz de Camões
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Novas, Senhor, vos trago de Sião
Onde quem pode mais mais vai matando
E de onde os mísseis manam sibilando
Para cumprirem - diz-se - uma missão
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Mas desta minha humana auscultação,
Dif`rentes novas vos quisera ir dando
E, em vez mísseis, ver por lá sobrando
Medicamentos, plasma e água e pão...
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Ah, "donde o puro amor não tem valia"
"Às portas da cobiça e da vileza"
Só gritos se ouvem. Gritos de agonia.
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Novas só estas: morte, horror, tristeza...
Eis a missão na qual Sião porfia
Que assim se orgulha desta guerra acesa.
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Mª João Brito de Sousa
22.03.2024 - 15.00h
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