CANTANDO COM CAMÕES - XII
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Um melódico debate sobre igualdade de géneros?
É por aqui, se faz favor
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Um melódico debate sobre igualdade de géneros?
É por aqui, se faz favor
Imagem fotografada de um velho calendário meu
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CONVERSANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO XII
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POIS MEUS OLHOS NÃO DEIXAM DE CHORAR
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Pois meus olhos não cansam de chorar
Tristezas não cansadas de cansar-me;
Pois não se abranda o fogo em que abrasar-me
Pôde quem eu jamais pude abrandar;
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Não canse o cego Amor de me guiar
Donde nunca de lá possa tornar-me;
Nem deixe o mundo todo de escutar-me,
Enquanto a fraca voz me não deixar.
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E se em montes, em prados, e em vales
Piedade ainda mora e vive Amor
Em feras, plantas, aves, pedras, águas;
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Ouçam a longa história de meus males,
E curem sua dor com minha dor;
Que grandes mágoas podem curar mágoas.
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Luiz de Camões
***
E credes, meu Senhor, que a dor imensa
Curada possa ser por dor igual,
Ou que juntando um mal a outro mal
Possa sanar-se a dor? Que recompensa
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Poderá receber quem assim pensa?
Se sofre o sofredor, de que lhe vale
Multiplicar-lhe a dor juntando sal
A gangrena que a si lhe não pertença?
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Mas se, como dizeis, vos ouve o mundo,
Se há realmente amor em planta e besta
Ou nas águas do poço mais profundo
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Segui-me! Amordaçai a voz funesta
Que vos condena à dor cada segundo,
E vinde contemplar a vida em festa!
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Mª João Brito de Sousa
28.02.2024 - 11.15h
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O soneto de Camões foi retirado do blog Sociedade Perfeita
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