DOMINGO E SEGUNDA FEIRA .... UM FELIZ 2010! :-)
A VARINHA DE CONDÃO
Um poema em suporte de papel,
Traçado na urgência do momento,
Entre dois ou três toques de pincel
E o jantar cozinhando em fogo lento
Tinha tinta nas mãos e, sem saber,
Sujei de azul o leito do poema;
Ficou sendo um soneto “para ver”
E, no conjunto, a obra vale a pena!
Isto de ser poeta e ser pintora
É coisa que requer engenho e arte
Dons de improviso e muita precisão
E, se de algum talento sou senhora,
O corpo já me dói por toda a parte
E eu não tenho varinha de condão!
Maria João Brito de Sousa - 2010
AMBIVALÊNCIA
Há dias em que vivo dividida
Entre o eterno canto da cigarra
E as necessidades da formiga
Numa contradição que aqui me amarra
E não tenho qualquer contrapartida;
Às vezes é a fome que me agarra,
Noutras, uma ilusão prega a partida
E ergo a minha voz com toda a garra.
Mas, afinal de contas, quem sou eu
E que estranha vontade me prendeu
A esta alienante incoerência?
Nos saltos que já dei de Inferno a Céu,
Que estranha condição me concedeu
Uma tão pontual ambivalência?
Maria João Brito de Sousa - 2010
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NOTA INTRODUTÓRIA - Ao ano de 2010
Neste feriado prolongado em que fui MUITO FELIZ apesar da dor de dentes , tive a oportunidade de rever alguns dos sonetos que tinha guardado em ficheiro e, nunca fugindo a esta devoção algo obsessiva de teimar em manter uma postura didáctica, cheguei, rapidamente, à conclusão de que estava a falhar redondamente. Encontrei MONTANHAS de erros tipográficos e, eventualmente, um ou outro erro métrico.
Não prometo que o Poetaporkedeusker apareça revisto e corrigido de um dia para o outro - começo a duvidar das minhas próprias qualidades de escritora, pelo menos na perspectiva da poeta espontaneísta... - mas comprometo-me a empenhar muitas horas deste 2010 a tentar corrigir muitos dos disparates que grassam neste cantinho da blogosfera.
Para todos os que vieram - ou não - participar desta festa do Soneto Clássico, um 2010 cheio de Paz, Saúde e Criatividade. As minhas desculpas pelos "atentados" que, inadvertidamente, aqui foram cometidos contra a Língua Portuguesa