29
Jul20
VISÃO
Maria João Brito de Sousa
VISÃO
*
Resvala-me uma mão, fruto impotente
De um segundo de amarga lucidez
Que me corta a palavra omnipresente
Sem dar-me o benefício de um talvez
*
Resvala-me outra mão, mesmo à tangente
Do verso que empunhara dessa vez,
E não há olhos que lhe façam frente
Nem há tamanho para o que desfez...
*
Noutro segundo, o gesto recomeça
Tomando rumo inverso. Ergue-se a mão.
Pode ser que o poema prevaleça
*
Apesar de inseguro... ou talvez não
Seja a visão a chave desta peça
Que exige muito mais do que visão.
*
Maria João Brito de Sousa - 29.07.2020- 12.05h