CANTANDO COM CAMÕES - VIII
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A Esparsa? É para ler aqui, por favor
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CONVERSANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÀRIO VIII
*
PENSAMENTOS, QUE AGORA NOVAMENTE
*
Pensamentos, que agora novamente
cuidados vãos em mim ressuscitais,
dizei me: ainda não vos contentais
de terdes, quem vos tem, tão descontente?
*
Que fantasia é esta, que presente
cad’ hora ante meus olhos me mostrais?
Com sonhos e com sombras atentais
quem nem por sonhos pode ser contente?
*
Vejo vos, pensamentos, alterados
e não quereis, d’esquivos, declarar me
que é isto que vos traz tão enleados?
*
Não me negueis, se andais para negar me;
que, se contra mim estais alevantados,
eu vos ajudarei mesmo a matar me.
*
Luíz de Camões
***
Pra preservar-vos, pensamentos meus
que sois dos meus sonetos a matriz,
far-me-ei mais liberta e mais feliz
do que as aves que cruzam estes céus
*
Mas s`inda assim teimais em ser incréus,
moldar-vos-ei dos ramos à raiz
pois se bem o pensei, melhor o fiz:
Serei juiz e vós sereis os réus!
*
Ah, não me negareis o que não nego
ao meu direito de permanecer
enquanto não for surdo e mudo e cego
*
De vós farei aquilo que entender:
se vos não confiar talento e Ego
sei que serei eterna até morrer.
*
Mª João Brito de Sousa
22.02.2024 - 13.00h
***
O soneto de Camões foi transcrito do blog Sociedade Perfeita
SETEMBRO 2
Setembro foi partindo na saudade
Das tórridas manhãs das praias cheias;
Do mar trazendo os cantos das sereias,
Dum pôr-de-sol intenso e sem idade
Das fragas reluzindo à claridade
Da prata dum luar paredes meias;
Dos sonhos desfilando nas ideias
Dum tempo de balanço da vontade
Setembro desfolhou-se num outono...
As folhas vão ficar ao abandono
Tal como alguns dos sonhos que desfolho
Virá a folha nova pró seu trono;
Assim viesse a paz que ambiciono
Na calma doutro outono em que te olho...
Joaquim Sustelo
SETEMBRO - Uma Perspectiva Egocentrada
"Setembro foi partindo na saudade"
De uma sobrevivência mais provável
E foi nascendo Outubro, esse implacável
Que abre uma porta ao gelo que me invade...
"Das fragas reluzindo à claridade",
Despeço-me de um V`rão mais favorável
Ao corpo - este meu corpo não saudável... -
Que nada tem, senão fragilidade...
"Setembro desfolhou-se num Outono"
Que tirita e, com cãibras, perde o sono
Assim que o frio se torna omnipresente...
"Virá a folha nova pró seu trono",
Mas... eu, se lá chegar viva e sem dono,
Estarei muito mais gasta e dependente...
Maria João Brito de Sousa -29.09.2016 - 12.50h
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