Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
18
Jun23

A QUEM SOUBER OUVIR O (EN)CANTO DOS PARDAIS

Maria João Brito de Sousa

O (EN)CANTO DOS PARDAIS.jpg

A QUEM SOUBER OUVIR
O (EN)CANTO DOS PARDAIS
*


Aos mortos nos covais e aos que estão por vir,

Aos que estão a dormir, aos que nem dormem mais,

Aos troncos verticais dos cravos a florir

E a quem souber ouvir o (en)canto dos pardais,
*


Aos rios nos seus caudais, aos montes por subir,

Às pedras por esculpir, aos mestres geniais,

Às infracções verbais, aos versos por escandir

E à morte que há-de vir porque somos mortais:
*

 

O poema é uma aventura incerta e fascinante

Que ninguém nos garante, infinda descoberta,

Quase uma fresta aberta ao gesto vacilante
*


Do que ainda hesitante ousar o que o liberta

Porque a fresta desperta o que o levara avante

Naquele exacto instante em que ele a dá por certa.
*

 

Maria João Brito de Sousa

17.06.2020 - 12.31h
***

Em verso alexandrino com rima duplamente encadeada

17
Jun23

PENDE DO MEU ANZOL UM PEIXE VIRTUAL - Reedição

Maria João Brito de Sousa

PENDE DE CADA ANZOL (1).jpg

Gravura de Pieter Bruegel (o velho)

*

PENDE
DO MEU ANZOL
UM PEIXE VIRTUAL
*


Amo o azul do mar, o verde da planura

E quanto da lonjura alcança o meu olhar:

Serei escrava de um lar que no mar se procura

Enquanto esta loucura assim me cativar
*


E, sem me rebelar, nem franca, nem perjura,

Ainda que imatura aceito este invulgar

Destino de varar um mar que só me augura

Os ventos da ventura em que hei-de naufragar...
*


Ao longe, pedra e cal, brilha um velho farol,

Branco como um lençol que foi tecido em sal

E se me saio mal porque um raio de sol
*


Derrete e faz num fole esta rota ideal

Na colisão plural dos estros sem controle,

Pende, do meu anzol, um peixe virtual!
*

 

Maria João Brito de Sousa

15.06.2020 - 16.09h
*

Soneto em verso alexandrino com rima duplamente encadeada

*

 

07
Jun23

SONETO DA ASSUMPÇÃO DA MUSA- Reedição

Maria João Brito de Sousa

A TIA - 1999 (3).jpeg

SONETO DA ASSUMPÇÃO DA MUSA

ou

PEQUENA ARTE DE CONTRADIZER FAMOSOS

ou

APOLOGIA DE UM ATREVIMENTO
*

(Em genuíno verso alexandrino)
*


Minha Musa rebelde embora talentosa,

Pedir-te que jamais te afastes de quem sou

É qu`rer guardar na mão uma manhã ventosa

Ou qu`rer roubar ao mar o sal que o mar salgou
*


Mas se és mera invenção - segundo o Abrunhosa... -

E se só eu te sinto em mim se só não estou

Terei que te negar embora estando ansiosa

Por procurar em ti quanto de mim restou
*


Ah, sim, sei que o trabalho é mais do que importante

E que sem trabalhar nada de bom se faz

Mas sem sentir-te em mim de mim fico ignorante
*

 

E escrevo à martelada ou quedo-me incapaz

De escrever tanto quanto o fez o grande Dante

Que nunca me deu mais do que o que tu me dás!
*

 

Mª João Brito de Sousa
*

Sorrindo muito, às quinze horas do vigésimo terceiro dia do ano da graça de dois mil e vinte e três.

16
Nov22

SEM TÍTULO VII

Maria João Brito de Sousa

SUICIDE OF THE PINK WHALE (6).jpg

SEM TÍTULO VII
*

Num verso me quis dar, em versos me fui dando,

Como se em verso amando eu mais pudesse amar,

Ou como se cantar fosse ir-me, a mim, doando

Nunca sabendo quando insistir... ou parar.
*

 

Depois de a mim me achar, quiçá, frutificando

E em tudo me adequando a quanto ousei cantar,

Talvez reflicta o mar, talvez vá naufragando

E vá o mar cantando os versos que eu calar...
*


Se pareço falar de mim, tão só de mim,

Não vos direi que sim, nem vos direi que não,

Mas esta embarcação transmuta-se em jardim
*


E não há espaço em mim para a tripulação

Que dela fez seu chão e nela viu seu fim:

É, afinal, assim que não se embarca em vão.
*


Mª João Brito de Sousa

16.11.2022 - 11.00h
***

Soneto em verso alexandrino com rima dupla (intercalada)

 

26
Fev21

COISAS QUE SÓ EU SEI

Maria João Brito de Sousa

Hotel dos Templários - Tomar, 1972.jpg

COISAS QUE SÓ EU SEI
*

(em verso alexandrino)
*

 

Não canto essoutro amor cantado à exaustão

Que é fruto da paixão que irrompe como a flor

Quando, no seu esplendor, garante a gestação

A cada geração que seduz pra se impor.
*


Cantá-lo por favor, a mim, não me imporão

Que eu moro na canção que eu entender compor

E não ando ao dispor da velha tradição;

Nada faço à traição, nem guardarei rancor
*


Porque é com despudor que afirmo que cantei

Coisas que só eu sei e outras que, não sabendo,

Tentei ir aprendendo assim que aqui cheguei;
*


A Amor nunca neguei, que o vivi no crescendo

Que a vida foi tecendo enquanto o que sonhei

Cá dentro sufoquei. De amar não me arrependo.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 26.02.2021 - 11.35h

 

14
Jul18

A MÃO QUE O VERSO CRIA

Maria João Brito de Sousa

A MÃO QUE O VERSO CRIA.jpg

 

A MÃO QUE O VERSO CRIA

*

(Em verso alexandrino com rima encadeada)

*





Vem quase tudo quando um nada já me chega

Disto que não se nega e cresce em descomando

De encantos se encantando ao ver-me assim tão cega

Que bem mais se me apega assim que, cega, abrando.



*

Disto me vou queixando aquando mal sossega

A mão que tudo agrega e que me vai faltando

Quando mais precisando estou da mão que entrega

Que, hoje, tudo delega até sei lá eu quando...



*

Um nada sobraria e tudo, de uma vez,

Sem comos nem porquês caindo à revelia

Do que ela escandiria ao compasso de um mês,



*

Parece-me, talvez, pedir em demasia...

Mas quem impediria o verso, um descortês,

De aninhar-se onde o fez a mão que o verso cria?

*



Maria João Brito de Sousa – 13.07.2018 – 13.11h

*



 

13
Set17

RUAS

Maria João Brito de Sousa

casas em ruinas.jpg

 

(Soneto em verso alexandrino)





Adoro, ao pôr-do-Sol, ver a noite cair

Sobre esta minha rua, esta rua onde moro,

E por sobre a calçada amada ver surgir

Em raios de luar a luz com que a decoro.

 

Amanhã, se acordar, hei-de vê-la a florir!

Há sempre um “se” eu sei, mas nunca, nunca choro,

Tal como nunca sei se irei, ou não, mentir,

Dizendo não pedir, pois nunca nada imploro.

 

Passa a noite a correr. Nem dei por que passasse

Conquanto a sono solto um sonho cavalgasse...

E, quanto à rua amada, amor, vejo-a sem ti,

 

Pois por mais que no sonho ansiosa o procurasse

Não mais vi, nesta rua, abrigo que abrigasse...

Rua da qual gostasse, amor, não mais a vi.

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.09.2017 – 08.29h







 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!