25
Jan21
UM SONETO POLITICAMENTE (IN)CORRECTO, OU NÃO.
Maria João Brito de Sousa
UMA BARATA NO CELEIRO
*
Não fora a barata rondar-me o celeiro,
E o maldito cheiro que assim a delata...
Ah, peste que mata! Ah, bicho rafeiro
Que destróis inteiro meu trigo! Que lata!
*
E a fava, a batata, o meu belo sobreiro?
Roeste-os, matreiro? Tornaste sucata
A nata da nata de um pão tão guerreiro?
Se de ti me abeiro, não falha a chibata
*
E se isto retrata aquilo que sinto,
Vais corrido a cinto, bicho virulento,
Vil verme sebento que quero ver extinto!
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Não senhor, não minto, nem disfarçar tento
O que vai cá dentro, mostrengo faminto
A quem não consinto um só contra-argumento!
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Maria João Brito de Sousa - 25.01.2021 - 09.10h