Maria João Brito de Sousa
Quem, querendo dar-me vida, a perde assim
Decerto desconhece o que sobrou
Desta anímica força que há em mim,
Ou desconhece mesmo quem eu sou…
Desconhece este jogo até ao fim
E o treino de o jogar que me ficou
Depois de ter vencido, ao dizer; - Sim!
A partida a que a morte me forçou…
Mas, sendo assim tão frágil, todos pensam
Que o que eu vos relatar será mentira,
Exagero, talvez… mera invenção!
Neste Ping-pong, à espera que me vençam,
Troféu que já ganhei, ninguém me tira!
[bolinha que cair… fica no chão!]
Maria João Brito de Sousa
Imagem retirada da internet
publicado às 12:28
Maria João Brito de Sousa
Deixo-te, mundo meu, a minha vida
Igual a muitas outras – tantas mais...-
Neste leque de sonhos virtuais
Em jeito de quem esteja de partida.
Deixo-te, mundo meu, na despedida,
O meu baú de ossadas de ancestrais,
E um hino, por amor dos animais,
Antes que seja tarde e que eu, rendida,
Não possa mais dizer-te que existi,
Que, por motivos que hoje desconheço,
Morri qu`rendo deixar-te o que deixei,
Por isso, mundo meu, te deixo aqui
O que me fez pagar tão caro, em preço,
Quanto ao ser-me legado eu transformei.
Maria João Brito de Sousa – 16.10.2010 – 16.20h
publicado às 14:22
Maria João Brito de Sousa
Se um poema dependesse só de mim
E não desses milhares de variáveis
Que se não sabe quando têm fim
E que jamais se tornam dispensáveis,
Ou se escrevê-lo fosse sempre assim,
Tão certo quanto os meus inevitáveis...
Mas não! Erva que cresça num jardim
Expr`imenta mil destinos improváveis...
Agora, neste alívio de proscrita
Que aqui vai renegando o seu castigo,
A tactear, como se se espantasse,
Deixo, enfim, um poema que acredita
E que agora mostrou ser meu amigo
Por muito que o meu corpo o recusasse...
Maria João Brito de Sousa
publicado às 15:39
Maria João Brito de Sousa
Humano, desse barro primitivo
Com o qual fui moldado de nascença,
Quantas vezes pergunto se estou vivo,
Se é realmente minha esta presença
Humano ser, passível de fraquezas,
Enfrentando os limites de quem sou,
Penso, por vezes, vir das profundezas
De um mundo qu`inda agora começou
Inquieto ser de gelo à beira-fogo,
Correndo como os rios que atravessei,
Subindo aos altos cumes do meu ser…
Se neste mar me afundo, se me afogo,
Foi nele que, em sobressalto, me encontrei
Quando era ainda tempo de escolher…
Maria João Brito de Sousa
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 11:30
Maria João Brito de Sousa
Vem-me da Lusa Mãe, este mistério
Que, ao inundar-me a alma como um mar,
Me deixa nesta condição lunar,
Apanágio dos vates deste império...
Herdei do fácil verbo o ministério
Das mil coisas que estão por inventar
E esta introspecção, este sonhar,
Que um dia há-de levar-me ao cemitério...
Esta alma lusitana que me invade,
Preenche as mil lacunas do meu ser
E faz justificar esta ilusão;
Se fomos criadores da tal "Saudade",
Sejamos também donos do poder
De transformar em "Causa" uma paixão.
Na foto - Minerva.
publicado às 14:52
Maria João Brito de Sousa
(IN)EQUAÇÃO
*
Sou a soma de todos os momentos
Que passaram por mim sem me matar
Elevada à vontade de lutar
Do mais rudimentar dos elementos.
*
Recuso a submissão aos tais lamentos
Que são, da poesia, o mais vulgar
E faço a divisão do que sobrar
Pelas parcelas nuas de argumentos
*
Triângulo imperfeito, insubmissão
Na explosão da palavra aleatória
Em átomos que arranco ao que é comum,
*
Serei sempre a aberrante inequação
Da aritmética vã, contraditória,
Em que o poema e eu somos só um.
*
Mª João Brito de Sousa
Abril, 2010
***
publicado às 12:20
Maria João Brito de Sousa
Não fora esta tensão, esta impaciência,
Este ego destronado a flutuar
Sobre as águas salgadas de algum mar,
Não fora a tentação duma insurgência…
Não fora esta estranhíssima apetência
De nunca mais parar, de nem mostrar
Esta saudade em mim, quase a chorar,
Nas fronteiras da humana permanência,
Não fora este ego louco, imprevisível,
Que me transporta a alma até ao fim
Nos caminhos da terra, ou mais além…
Ah! Pudera eu ser menos (im)possível!
Pudera a chama viva, acesa em mim,
Ao apargar-se enfim, ser Eu também!
Maria João Brito de Sousa - 08.10.2009 - 14.58h
Imagem retirada da internet
publicado às 14:58
Maria João Brito de Sousa
Estes laços de sangue, ainda vivos,
Que, ao romper-se, causaram tanta dor,
São restos virtuais de um terno amor
Que desconhece causas e motivos,
São laços já desfeitos entre os vivos,
Quebrados, de repente, e já sem cor,
Despidos, destruídos, sem vigor,
Curvados, quando foram sempre altivos.
Não mais hei-de senti-los como dantes,
Não mais me falarão das horas breves
Das vidas que vivemos neste mundo
E os gritos que calei são lancinantes,
Mas foram-se mudando em coisas leves
Que dormem no meu eu mais que profundo…
Maria João Brito de Sousa 07.12.2016 14.58h
Olá amigo(a)s,
A reportagem que a RTP foi fazer a Cuba, sobre os tratamentos da pequena Ana Carolina Lucas foi NOVAMENTE ADIADA para terça-feira, dia 13 de Outubro . Deste vez o motivo é, na próxima terça-feira passarem um especial 'Amália' para comemorar uma década sobre o seu 'desaparecimento'. Espero que seja o último adiamento e peço desculpas por me estar a repetir... Passará na RTP1 , no programa '30 Minutos ', logo a seguir ao Telejornal da noite.
A NÃO PERDER http://trapezio.blogs.sapo.pt/97506.html
publicado às 14:58
Maria João Brito de Sousa
Eu lia! Eu lia muito, a tempo inteiro,
Da noite ao dealbar de cada dia!
Um bom livro era tudo quanto eu queria
Pr`a transportar-me ao espaço derradeiro...
Um livro era o prazer que vem primeiro,
O que me encheu de paz e de harmonia,
Pois fazendo-me amar quanto aprendia,
Era um mestre leal e verdadeiro.
Pobre de quem não saibe onde a leitura
O pode transportar, pois já perdeu
Um bem que não conhece, mas que existe.
Nós, os que tanto lemos - que loucura! -,
Criamos asas como Prometeu;
Quem teve asas pr`a ler, nunca foi triste!
Maria João Brito de Sousa - 02.10.2009 - 15.05h
Poetado para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt
SUGESTÕES DO DIA: http://trupe.blogs.sapo.pt/3074.html
- http://80anosdezeca.blogspot.com/
publicado às 15:05
Maria João Brito de Sousa
Ante uma imposição de outra vontade,
Nem sempre é preferível desistir,
Recolher-se, aceitar deixar ruir
Castelos de utopia e de verdade,
Mas aceitar, com calma e dignidade,
Grilhetas temporárias, sem fugir
E repousar , em vez de destruir,
De vez, o quanto em nós quer liberdade...
Seria bem mais cómoda a derrota
Que negasse o trabalho de criar
Eternamente mal compreendido
Mas melhor pode ser "fazer batota";
Não mais bater os braços, abrandar,
Pr`a voltar com mais força... faz sentido!
Maria João Brito de Sousa - 01.10.2009 - 10.41h
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SUGESTÃO DO DIA: http://trupe.blogs.sapo.pt/3074.html
Outra sugestão - http://80anosdezeca.blogspot.com/
publicado às 10:41
Maria João Brito de Sousa
Conta-me lá dessas segundas-feiras
Que te chamavam pelas madrugadas,
Dessas manhãs das horas empolgadas
A correr pela sala, entre carteiras.
Fala das coisas mais aventureiras,
Diz-me das aventuras mais magoadas.
Conta-me lá das provas copiadas
Pelas colegas que eram mais matreiras…
Conta-me do comboio à beira-mar,
Das corridas, dos livros, das sebentas,
Dos jogos do recreio, das conversas…
Conta-me do que já nem sei lembrar
Porque as horas ficaram muito lentas
E - custa-me dizê-lo… - mais adversas…
Imagem retirada da internet
REPORTAGEM ADIADA - A reportagem sobre a ida a Cuba da pequena Ana Carolina, foi adiada para o próximo dia 6 , a seguir ao tele jornal da RTP. Vejam-na no programa 30 Minutos.
publicado às 12:00
Maria João Brito de Sousa
Se eu tivesse mil vidas, quantas vidas,
Dessas tantas, seriam mesmo minhas?
Só mil seriam muito poucochinhas
Para tantas palavras escondidas!
Palavras que só são reconhecidas
Se alguém as encontrar pois, coitadinhas,
Se ninguém perceber que estão sozinhas,
Continuarão dispersas e perdidas.
Se eu tivesse mil vidas, cada uma
Dessas palavras soltas que me encontram
Haveria, por fim, de se encontrar.
Mas cada vida é única. Nenhuma
Das vidas que uma a uma me confrontam,
Me poderia achar sem eu deixar.
Maria João Brito de Sousa - 29.09.2009
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Hoje à noite, na RTP, a seguir ao telejornal, não deixem de ver e ouvir as novidades sobre a pequena Carolina Lucas e a sua -nossa- batalha por uma vida normal.
publicado às 10:05