DEIXAI QUE A NOITE ENTRE...
(Soneto em verso hendecassilábico e rima intercalada)
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Deixai que a noite entre, que eu morro de sono
E em doce abandono me entrego a Morfeu,
Que, tal como eu, nunca ousou ser meu dono,
Só dono do sono que me adormeceu
Num berço só meu, neste suave abandono...
Se abuso e ressono, que o faça só eu
Na noite de breu em que ao dia me abono
Se embarco sem dono, sem sonhos, sem véu,
Nem medo escusado das coisas do escuro;
Não sei que futuro, mas trago um passado
E ao que houve de errado tornei já seguro
Pois, saltando o muro, deixei-o de lado,
Perdido, olvidado. Amigos, vos juro
Que o meu sono é puro, nunca amargurado...
Maria João Brito de Sousa – 28.12.2017 – 13.59h
Na sequência do soneto “Deixai que a Noite Entre!” de Maria da Encarnação Alexandre (MEA)
Imagem -"Le Berceau", Berthe Morrisot