Maria João Brito de Sousa
SOU DO MAR!
*
Sou do mar na estranhíssima alquimia
Que me transforma em fogo e pedra e gente
E também desse mar que, à revelia,
Se me sucede a cada sol nascente;
Da mesmíssima força em que ele nascia
Renasce, dia a dia, o meu presente,
E sinto exactamente o que ele sentia,
E sou exactamente o que ele consente.
Sou do mar no processo indecifrável
Que admite a simbiose entre o provável
E aquilo que ninguém pode provar
Mas, fruto desse jogo, eu sou palpável
E nessa mutação, nem sempre estável,
Eu sempre acreditei que sou do Mar!
Maria João Brito de Sousa – 26.07.2011 – 13.00h
publicado às 14:01
Maria João Brito de Sousa
Será sempre miséria o que temos
Porque é sempre no mar que buscamos
Esse tanto que nunca tivemos
Do manjar que, não tendo, vos damos
Sobre o mar, que é tão nosso, crescemos,
Defendendo os interesses dos amos,
Retirando da força dos remos
Cada metro do chão que varamos
Quando às redes dos braços trazemos
Todo o peixe que agora pescamos
Somos nós e só nós que sabemos
Quanta luta de morte enfrentamos
Nestes braços cansados que erguemos
Pelo pão que jamais vos negamos!
Maria João Brito de Sousa – 09.07.2011 – 17.09h
publicado às 11:35
Maria João Brito de Sousa
Eu sei que tenho manhas e manias
Pois tento ser aquilo que Deus quis
Mas juro que é assim que sou feliz,
Fazendo, certamente, o que devia…
Se a metáfora surge… é por magia!
Não sei explicar, de todo, o que ela diz,
Mas diga o que disser, sei bem que fiz
Exactamente aquilo que ela queria…
Nas manhãs em que, ouvindo a voz do mar,
Me sinto tão mais viva e tão mais eu,
É dentro do meu mar que encontro o céu
Posso ser só um fado por cantar
Mas sei que cada vez serei mais ilha
Por ser, deste meu mar, a amada filha.
Maria João Brito de Sousa – 10.07.2011 – 20.27h
publicado às 11:57
Maria João Brito de Sousa
PR`ALÉM DO MAR
*
Pr´além do mar havia um outro mar
E, pr`além desse mar, outro também
E outro e outro… era um nunca acabar
Dos mares que dele nasciam, mais além.
Havia um mar ainda por explorar
Quando por um dos mares passava alguém
E cada mar tentava em vão chamar
Todo o que, olhando o mar, não visse bem
Tanto mar! E ninguém acreditava
Pois todo aquele que o via procurava
Olhar só para o mar perto de si
E, apesar do mar que vislumbrava,
Não diria, jamais, que acreditava
Nos mares pr`além do mar que havia ali.
Maria João Brito de Sousa – 21.05.2011 – 15.00h
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
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publicado às 12:18