31
Out21
SONETO DO TODO-PODEROSO MERCADO
Maria João Brito de Sousa
SONETO
DO
TODO-PODEROSO MERCADO
*
Venho roubar-te, ó Arte, a eternidade!
Tudo o que ousaste ser te cobro agora,
Excepto, talvez, o que de ti se evade
E depressa se evola e se evapora...
*
Deixo-te uma ilusão de liberdade,
Que só essa ilusão por cá vigora;
Levo-te o leito, a casa e a cidade
E até o tempo roubo, hora por hora.
*
Vesti a tua pele inacabada,
Qual terrorista, não te deixo nada
Senão o que do nada fores criando
*
Na condição de te fazer saber
Que tudo o que concebas vai morrer
Às mãos do Tempo que o vai devorando.
*
Maria João Brito de Sousa - 30.10.2021 - 11.00h
***
Sonetos da Matrix