10
Mai14
UM SONETO BREJEIRO... ou nem por isso...
Maria João Brito de Sousa
SONETO BREJEIRO
*
Se a rosa cor-de-rosa abraça um cravo
E logo se desdiz, se faz rogada,
Não fica o rubro cravo a ser seu escravo,
Mas talvez fique a rosa apaixonada
*
E, mais tarde ou mais cedo, em gesto bravo,
Reflicta na paixão que foi travada
E venha murmurar-lhe; “Eu furo e escavo
Até tornar-me a flor mais desejada!”
*
Responde o cravo, altivo: -“Eu nunca disse
Que queria estar contigo, ó flor burguesa!
Não pudeste abraçar-me sem que eu visse
*
Que usando a mais-valia da beleza
Me ousavas seduzir sem que eu sentisse
No teu brejeiro gesto uma certeza!”
*
Maria João Brito de Sousa – 09.05.2014 – 14.56h