SONETO A UMA DOR QUE VEM DO DESERTO
Fotografia de Luís R. Rodrigues
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SONETO A UMA DOR
QUE VEM DO DESERTO
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"Como é triste e mata este deserto em volta"
Quando a dor se solta porque se desata
Da peia inexacta da minha revolta
E segue sem escolta, com espada de prata
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E escudo de lata, lança desenvolta...
Na reviravolta tudo desbarata;
Solta-se em cascata livre e desenvolta
Inunda-me absolta de ver-se inundada
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E eu, sem mãos de fada, não posso detê-la,
Não posso prendê-la nem por um momento
Que o meu pensamento está cativo dela...
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Fosse eu barco à vela veloz como o vento,
Mas sou muito lento, mais lento do que ela
Que ainda que bela me inveja o talento...
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Mª João Brito de Sousa
22.09.2023 - 14.30h
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Soneto em verso hendecassilábico com rima entrançada - interna e final - criado a partir de um verso de Luís Raimundo Rodrigues