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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
25
Mar23

DE AMAR E DE SENTIR, NÃO TENHO MEDO!

Maria João Brito de Sousa

Gestação Floral - 1999 (fotografado por Vítor Martinez) (2).jpg

DE AMAR E DE SENTIR, NÃO TENHO MEDO!
*

 

De amar e de sentir, não tenho medo|

Pode lá ser cobarde o/a sonetista

Que nada finge e nunca faz segredo

Daquilo que é, porquanto o deixa à vista?
*


Amo os poemas todos a que acedo

E saboreio tudo a quanto assista

Que amo também, se bem que seja enredo

Tecido pelas mãos de um outro artista
*


Amo as pessoas, amo a natureza

E até num cardo encontro a tal beleza

Que me encanta e consegue seduzir-me
*


Mas, a tudo o que amar, é com pureza

Que o trago aqui, que o sento à minha mesa

E o transformo no pão que há-de nutrir-me.
*

 

Mª João Brito de Sousa

24.03.2023 - 12.39h
***

 

Soneto inspirado nesta publicação

14
Mar23

FOLHA AO VENTO

Maria João Brito de Sousa

folha ao vento (1).jpg

QUAL FOLHA AO VENTO
*

 

Posso-te garantir que a minha porta

Se encontra ainda aberta à tua espera,

Mas não tentes domar-me que sou fera,

Nem me queiras torcer, que sou já torta
*


Pois quando falsamente alguém me exorta

Ou crê que eu possa crer que me venera,

Fico em silêncio como se, de cera,

Em estátua me mudasse, imóvel, morta...
*


Mas se nos encontrarmos frente a frente,

Num qualquer ponto deste espaço-tempo

Que nos não dure mais do que um repente,
*


Vê se me entendes porque mais não tento

Explicar-te bem que, como muita gente,

Posso também voar qual folha ao vento.
*


Mª João Brito de Sousa

14.03.2023 - 11.40h
***

 

13
Mar23

DESTE BARRO MOLDADO

Maria João Brito de Sousa

Litografia de Pavia in Livro de Bordo (3).jpg

Litografia de Pavia in Livro de Bordo (1).jpg

Litografia de Manuel Ribeiro de Pavia in Livro de Bordo de António de Sousa

*

DESTE BARRO MOLDADO
*


Quem teme um mundo líquido a fluir

Se aprendeu a nadar quando criança,

Se sempre soube o que é não desistir,

Se embora estropiado ainda avança,
*


Se tudo perde sem perder a esp`rança

De embora ferido erguer-se e resistir?

Desta matéria nasce a tal mudança

Da qual o homem novo há-de emergir!
*


E quem pode roubar-lhe essa pujança,

Ou quem pode culpá-lo se exigir

O pão que come e o fim desta matança
*


A quem nunca fez mais do que mentir,

Se a voz se lhe não cala, não descansa,

Nem seus olhos se cerram pra dormir?
*


Mª João Brito de Sousa

14.03.2023 - 10.00h
***

04
Fev23

SOMBRA

Maria João Brito de Sousa

SHADOW.jpg

SOMBRA
*


Esperou por si à hora do costume

Como quem espera o dia de nascer

Desnudada por dentro e sem ter lume

A que chegar-se para se aquecer
*


Não sentindo sequer o seu perfume

Soube do tanto que estava a perder

E sem protestos, sem um só queixume,

Percebeu que deixara de em si crer
*


Esperava um verso que a devolveria

Aos braços de uma musa naufragada

No convés de uma barca inexistente
*


Mas tão só se encontrou no que seria

A sombra do que foi quando inspirada

Escrevia louca, apaixonadamente...
*


Mª João Brito de Sousa

31.01.2023 - 20.00h
***

01
Jan23

NEM SE ME RESTAM FORÇAS...

Maria João Brito de Sousa

- oEIRAS, eVENTO NAS PALMEIRAS, POESIA, 2021.jpg

NEM SE ME RESTAM FORÇAS...
*


"O sol se iluminasse. E fosse breve"

Este cansaço imenso que me prende

A mão que quer escrever e nada escreve,

A Musa que fraqueja e que se rende
*


Esquecida já do tanto que me deve

Ou, de longe, dizendo que me entende

Tão só quando o que peço seja leve

Qual pequenina chama que se acende...
*


Sendo porém complexo o que lhe exijo

E pesada a tarefa de o escrever,

Recolhe, exausta, a Musa ao esconderijo
*


A que não chego por desconhecer

O peso das palavras que redijo

Nem se me restam forças prás colher.
*


Mª João Brito de Sousa

01.01.2023 - 16.20h
***

Soneto criado a partir do último verso do soneto ESCREVEMOS DOCEMENTE de Fernando Echevarría, no blog A MATÉRIA DO TEMPO

 

 

 

 

25
Nov22

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI - Reedição

Maria João Brito de Sousa

se a navalha nos falha....jpg

SE A NAVALHA NOS FALHA, OSCILA E CAI
*


Se, no fio da navalha caminhando,

A navalha nos falha, oscila e cai,

Sem um suporte, tudo se nos vai

E sem asas, nem chão vamos ficando...
*


A que nos agarramos se, oscilando,

Até o gume, de repente, trai

Aquilo que nos nega e que subtrai

Ao pouco que antes fomos avançando?
*


A própria Musa, desasada fica,

A corda, retesada, já não estica

E os versos, um a um, caem também
*


Da tal pauta invisível que os prendia

Ao fio duma navalha que os servia

E que não serve agora a mais ninguém.
*

 


Maria João Brito de Sousa

11.01.2019 – 12.16h
***

 

24
Nov22

OBITUÁRIO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

obituário.jpeg

OBITUÁRIO
*

 

Morri, segundo fonte oficial...

A (a)creditada folha assim me informa

Num breve obituário de jornal

De pequena tiragem, como é norma.
*

 

Esfrego os olhos! Duvido! É natural

Que apesar de não estar em grande forma,

Me revolte e entenda que está mal

Morrer sem ter gozado da reforma
*

 

Leio de novo. Não, não era um erro,

Podia ler-se a data do enterro:

"Rebéubéu, zaz-traz-paz, tantos de tal".
*

 

Sem pressas, cerro um olho. Ao outro o cerro...

Contudo, o meu cadáver, mesmo perro,

Ergue-se e escreve o verso terminal.
*
 


Maria João Brito de Sousa

17.07.2018 – 15.46h
***

23
Nov22

CATIVEIRO

Maria João Brito de Sousa

Cativeiro.jpg

CATIVEIRO
*


Como meridiano-de-mulher

Na divisão do Ser em hemisférios,

Sou o imponderável dos mistérios

Que explica o seu mistério a quem quiser
*

 

Falo a quem me entender, a quem souber

Dentro de si achar outros impérios,

Se farto das prisões e cemitérios

A que a futilidade os quis prender
*


Falar-vos-ei de um tempo-antes-do-tempo

Bem como dos futuros-infinitos

Que ainda estão por vir no mundo inteiro
*

 

E de um maior, mais justo entendimento...

 Tudo quanto se ler nestes escritos

Nasceu da liberdade em cativeiro.
*

Maria João Brito de Sousa

14.05.2008 - 02.53h
***

(Poema ligeiramente reformulado)

09
Nov22

O CAPITAL

Maria João Brito de Sousa

capital.jpeg

O CAPITAL
*


Poemas que vos dizem quanto sei

Em versos que vos falam do que penso

E que vão descrevendo o contra-senso

Dessa temeridade em que me dei
*

Descritivo fiscal de quanto herdei

Livre de selo, imposto e emolumentos,

Será pena remível por tormentos

Mas sem taxas impostas pela lei
*


Minha vasta fortuna legarei

E enquanto vou escrevendo o testamento

Crescem-me os bens além do que sonhei
*


É na soma dos versos que engendrei,

Aqui legalizada em documento,

Que cresce o capital que acumulei!
*

 

Maria João Brito de Sousa


In Poeta Porque Deus Quer,

Autores Editora, 2009
***

(Reformulado)

05
Nov22

PERFIL - Reedição

Maria João Brito de Sousa

ÉDIPO - 1999.jpeg

PERFIL - Reedição
*


Não recorda o que fez. O que não fez

Ficou escrito nas horas de outros dias,

Perdido nas ingénuas fantasias

De um tempo em que vivia de porquês...
*

De mais nada se lembra... Só, talvez,

Das desoras remotas e tardias,

Em que o moviam estranhas ousadias

E em que vivia, num só dia, um mês
*

Parte sem o saber. Esse é, decerto,

O fruto que plantou no chão deserto

Em que o seu dia a dia se tornou...
*

Na perspectiva holística do ser,

Decerto se lembrou de o não colher,

Mas de o esquecer de vez, não se lembrou.
*

 

Mª João Brito de Sousa

Janeiro 2010
***

(poema reformulado)

02
Nov22

AO LONGO DE MIM

Maria João Brito de Sousa

1972 A (1).jpg

AO LONGO DE MIM
*

Nesse tanto de mim que te ofereci
No breve/longo instante em que fui tua,
E, filha de ninguém, irmã da lua,
De mim me despojei pra ser em ti
*

Foi ao longo de mim que recebi
O que de ti nasceu em mim que, nua,
Calava a solidão imensa e crua
Das horas de encantar que em ti perdi
*

E se ao longo de mim nunca encontraste
Quanto havia de meu pr`além de mim
Porquanto te afastaste do meu eu
*

Vê que ao longo de mim também mudaste
E se não me encontraste até ao fim
Foi porque procuraste um fim só teu.
*


Maria João Brito de Sousa

Outubro 2009
***

(Poema reformulado)

01
Nov22

A GESTAÇÃO DO POEMA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Mátria (1).jpg

A GESTAÇÃO DO POEMA - Reedição
*


Onde o soneto ferve, o verso é brando:
Suavemente desliza em rota (in)certa
Tal qual fora encontrada a porta aberta
Da prisão que ao tolhê-lo o foi domando
*

Ninguém lhe tente impor voz de comando
Que só a ele cabia estar alerta
Ao partir, decidido, à descoberta
De não se sabe o quê, nem como ou quando
*

Suavemente partiu… mas foi ficando
E só sei que o criei porque é criando
Que entendo que o que fiz valeu a pena
*

E que acredito, nunca acreditando,
Poder chegar além do que, sonhando,
Alcancei na vertigem de um poema.
*


Maria João Brito de Sousa

09.07.2012 – 18.48h
*

(soneto ligeiramente reformulado)
***

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