Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
06
Jan24

SIGAMOS MAIO AFORA - Mª João Brito de Sousa e Joaquim Sustelo

Maria João Brito de Sousa

Eu e Joaquim (1).jpg

Eu e Joaquim Sustelo fotografados por Cida Vasconcelos

*

SIGAMOS MAIO AFORA
*

Coroa de Sonetos
*

Mª João Brito de Sousa e Joaquim Sustelo
*

1.
*

Sigamos Maio afora confiantes

Sabendo, embora, quanto nos espera,

Sejamos mais do que o que fomos antes

Em cada Maio e em cada Primavera,
*


Que Maio sempre fez de nós gigantes

Diante da malícia de uma fera

Que nos tem por dispersos, vãos, errantes

Cavaleiros do sonho e da quimera.
*


Sigamos Maio afora; Junho e Julho

Esperam por nós, de nós terão orgulho,

Tal como cada mês que está por vir
*


Nos há-de abrir os braços, finalmente,

Quando o futuro se tornar presente

De quanta gente em Maio o construir!
*


Maria João Brito de Sousa - 02.05.2020 - 08.39h
***
2.
*
"De quanta gente em Maio o construir!"

Esse futuro por agora tenso

Que o mês de Maio irá fazer surgir

Envolto em sonhos bons tal como penso
*


Junho há-de com mais força também vir

A força de vencer, que me convenço

Depois deste "maduro Maio" florir

Irá florir o mundo ao qual pertenço
*

Confio em ar mais puro... a atmosfera

Irá consolidar a primavera

Nos campos e nas almas desta gente,
*

Que agora ainda está na incerteza

Mas que depois verá com mais clareza

Todo um futuro alegre e sorridente.
*


Joaquim Sustelo
***
3.
*

"Todo um futuro alegre e sorridente"

Há-de chegar um dia, não duvido,

Mas ainda haverá que fazer frente

A um tempo difícil e dorido.
*

Sou optimista, não inconsciente

Dos riscos do caminho já escolhido

E tu, que és meu irmão, terás em mente

Que há que roer este osso... bem roído!
*

Não se pode sonhar... sonhando apenas

Como se o tempo fosse de açucenas

E apenas nos bastasse acreditar
*

Que há pão na mesa que vemos vazia

Ou música se sopra a ventania...

Também há que lutar, lutar, lutar!
*


Maria João Brito de Sousa
***
4.
*
"Também há que lutar, lutar, lutar"

E nessa luta haver vários reveses

Não basta nós ficarmos a esperar

Pelo Maio passar e mais uns meses
*


Só muitos, muitos mais a ajudar

Mas em tempo contínuo e não às vezes

Muit'água pelos rios há-de passar

Há-de pregar-se em muitas dioceses
*

Mas sempre com querer, com confiança

Que a última a morrer é a esperança

E o homem quando quer pra melhor muda
*


Então vamos fazer, nós, todo o povo,

Que nasça brevemente um mundo novo

Que quase em horizonte nos saúda.
*


Joaquim Sustelo
***
5.
*
"Que quase em horizonte nos saúda"

Pois nunca poderemos lá chegar

A menos que uma coisa mais graúda

Nos lance, de repente e sem tardar...
*


Não espero que minha alma inda se iluda,

Já que tem a razão para a amparar,

Mas, meu irmão, às vezes fica muda

De tanta coisa estranha contemplar...
*


Mas, não, nunca descri dos amanhãs

Que hão-de falar de coisas menos vãs

Cantando alto e bom som, ou sussurando,
*


Que há justiça na Terra para os povos!

Não será para nós, para os mais novos,

Pró homem, prá mulher que vão chegando!
*


Maria João João Brito de Sousa
***
6.
*

"Pró homem, prá mulher que vão chegando!"

Talvez ele até venha um mundo novo

Com calma a pouco e pouco se implantando

Com grande f'licidade em todo o povo
*


Eu creio. E nessa fé cá vou pensando

No que será... Por vezes me comovo

Quando se adensa o sonho, ou seja quando

Mais forte o sinto em mim e o renovo
*


Nós não estaremos cá, vamos de "férias"

Porém não penses que isto é tudo lérias

Pois tenho até uma forte convicção!
*


E vamos passo a passo, rua a rua

Num sonho que por ora continua

A adentrar-me a alma e o coração.
*

Joaquim Sustelo
***
7.
*

"A adentrar-me a alma e o coração"

Como se um bando de aves me adentrasse

Gerando vida, espanto, evolução

Que a morte nunca visse, nem sonhasse...
*


Sonhar é também ter a convicção

De mais tentar, ainda que bastasse

À nossa muito humana condição

Um nada de ambição que um desenlace
*


Mais ou menos feliz, desse à função,

Dessa existência, quando se apagasse

A pequenina chama da razão
*


Talvez, depois, a fome já não grasse

Nem a doença, nem a frustração

Com que o tempo nos brinda neste impasse...
*


Maria João Brito de Sousa
***
8.
*

"Com que o tempo nos brinda neste impasse..."

Que afeta todos nós em mais ou menos

Mudando a cada dia a nossa face

Por nossos pensamentos não serenos
*


Como se este Covid não bastasse

Os tempos que aí vêm, nada amenos,

Nem fazem com que a gente aqui já trace

Tão boas plantações pelos terrenos...
*


Porém, se o pensamento em nós já lavra,

Sabemos ser a força da palavra

Aliada a um crer, forte... eficaz,
*


Duma forte mudança, o seu fator

E do ressurgir pleno do Amor

Que até hoje não trouxe ainda a paz.
*


Joaquim Sustelo
***
9.
*

"Que até hoje não trouxe ainda a paz"

Pela qual tanto, tanto nós pugnamos

E que tão grande falta ao mundo faz

Embora o contradigam grandes amos...
*


Talvez a nossa voz seja incapaz

De se fazer ouvir, mas bem tentamos

E há sempre uma vozita mais audaz

Que sobe ao alto dos mais altos ramos
*


Ou que grita mais alto, embora atrás

Dos que já se destacam, entre humanos,

Perecíveis... que importa se subjaz
*


Esta vontade imensa? Longos anos

Faltarão pra sabermos que nos traz

O tal futuro que hoje lobrigamos
*


Maria João Brito de Sousa
***

10.
*

"O tal futuro que hoje lobrigamos",

Não vem em nosso tempo nem lá perto

Por ele há muito tempo que lutamos

Mas o caminho é... inda algo incerto
*


Porém fazer por ele sempre vamos

No campo da poesia, neste "aperto",

Em que a nossa vontade apregoamos

Se bem que o chão se mostre algo deserto
*


Virá o Junho, o Julho e o Agosto

Virão os outros meses e aposto

Que sempre alguma coisa vai mudar
*


"Se nós mudarmos todo o mundo muda" (*)

Ah que ninguém se fique e nem se iluda

Pois este mundo velho há de cessar.
*

Joaquim Sustelo

(*) frase do dr. Lair Ribeiro

***
11.
*

"Pois este mundo velho há-de cessar"

E havemos de tomar um novo rumo

Sem que haja sempre alguém a cobiçar

Do fruto humano a polpa, o próprio sumo
*


Um mundo bem mais justo, um mundo-lar

Do qual cada um seja o fio-de-prumo,

No qual a luz do sol possa brilhar

E onde se não morra envolto em fumo.
*


Nisto, sei que vou sendo idealista...

Talvez o que aqui sonho nunca exista,

Talvez não passe de uma outra utopia
*


Mas não me peças nunca que desista

De te falar do sonho. Cada artista

Compõe conforme sente a melodia...
*


Maria João Brito de Sousa
***

12.
*

"Compõe conforme sente a melodia..."

E toca consoante o instrumento

Indo todos criar a sinfonia

Que se for bem tocada dá alento
*


Tocar muito melhor, sim, eu queria

Se bem que à melodia esteja atento

Porém há sempre um toque de mestria

Que não vou atingir, se bem que tento...
*


Somos uns idealistas? Não faz mal

Todos devemos ter um ideal

E este é dos melhores que há na vida
*


Imaginar a estrada especial

Pugnar por ela vir de pedra e cal

Assim atapetada... assim florida...
*


Joaquim Sustelo
***

13.
*

"Assim atapetada... assim florida"

Como se jardim fora, ou astro errante

Soltando a cabeleira colorida,

Coberta de poeira flamejante...
*


Irmão, juntei ao astro a cor da vida

E vi, ou julguei ver, por um instante,

A humanidade menos dividida,

Mais forte, mais feliz e mais pujante;
*


Poetas e também trabalhadores

Cantavam, lado a lado, os seus amores

Como se nada, nada fosse em vão
*


Mas, nesse mundo que mal vislumbrei,

Não pude ver que houvesse qualquer rei,

Nem vi que a alguém faltasse tecto ou pão.
*


Maria João Brito de Sousa
***


14.
*

"Nem vi que a alguém faltasse tecto ou pão"

Havia um equilíbrio, uma equidade

Que todos adquiriram a noção

De a ter de pôr em prática. Em verdade,
*


Ganhavam dia a dia o seu quinhão

Pelo que produziam, não metade

Do que cabia à mesa do patrão

Que açambarcara dantes com maldade
*


Fosse sonho ou não fosse o que tu viste

Uma etapa feliz já coloriste

Pintando-a de cor negra que era dantes
*


A pouco e pouco iremos... e sorrindo

Sabendo que esse tempo ele é bem-vindo

"- Sigamos Maio afora confiantes."
*


Joaquim Sustelo
***

NOTA - Coroa de sonetos dialogada a quatro mãos e terminada em menos de doze horas.

Poema registado ao abrigo dos direitos de autor.

 

02
Mai20

SIGAMOS MAIO AFORA

Maria João Brito de Sousa

Maio afora.jpg

SIGAMOS MAIO AFORA
*


Sigamos Maio afora confiantes
Sabendo, embora, quanto nos espera;
Sejamos mais do que o que fomos antes
Em cada Maio e em cada Primavera,
*

 

Que Maio sempre fez de nós gigantes
Diante da malícia de uma fera
Que nos tem por dispersos, vãos, errantes
Cavaleiros do sonho e da quimera.
*

 

Sigamos Maio afora; Junho e Julho
Esperam por nós, de nós terão orgulho,
Tal como cada mês que está por vir
*

 

Nos há-de abrir os braços, finalmente,
Quando o futuro se tornar presente
De quanta gente em Maio o construir!
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 02.05.2020 - 08.39h

 

 

Imagem retirada daqui

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!