SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA
SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA
*
Se hoje escrevo com força de trovão
E o chicote do raio me ilumina,
São as minhas memórias de menina
Que, debruçadas no meu coração,
*
Me acendem, das razões que há na razão,
A improvável vela que, à bolina,
Singra agora, indomável peregrina
Dos ventos fortes, rumo ao furacão.
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Lembras-te, avô poeta, desses dias
De fortes chuvas e de ventanias
Que saudávamos sempre fascinados?
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Das vergastas de luz que ribombavam,
Colorindo as rajadas que sopravam
E os nossos rostos, mudos, assombrados?
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© Maria João Brito de Sousa - Julho, 2020
(no dia a seguir à grande trovoada de Verão)
Imagem, avó Alice, avô poeta e eu, na casa da Rua Luís de Camões, Algés