SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA - Reedição
Eu com a avó Alice e o avô poeta na varanda da casa da rua
Luís de Camões
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SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA
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Se hoje escrevo com força de trovão
E o chicote do raio me ilumina,
São as minhas memórias de menina
Que, debruçadas neste coração,
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Me enfunam das razões que há na razão
Essa improvável vela que, à bolina,
Singra agora indomável peregrina
Dos ventos que vão rumo ao furacão
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Lembras-te, avô poeta, desses dias
Das chuvas fortes e das ventanias
Que tanta vez saudámos fascinados
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P´las vergastas de luz que ribombavam
Colorindo as rajadas que açoitavam
Os nossos rostos mudos e assombrados?
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© Maria João Brito de Sousa - Julho, 2020
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(escrito no dia a seguir à grande trovoada de Verão)