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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
13
Jun24

ESSÊNCIA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

young lady with cat pint (1).jpg

Imagem Pinterest

*

ESSÊNCIA
*

Mudas de espanto e sem fazer sentido

Nascem palavras, brotam sensações

Que se entrechocam num ponto perdido

Gerando prados, montanhas, vulcões
*


Trocando as voltas ao que foi pedido,

Emudecendo a voz de outras questões

Com que se tenham já comprometido,

Muito senhoras das suas razões!
*


Como ecos fundos, chegam sons distantes

Que, cá por dentro, fazem ressoar

Roucos murmúrios de ideias constantes
*


Músicas loucas, vibráteis, pulsantes

Em que o desejo se ousa decifrar

Na pauta insone de uns versos cantantes
*


Maria João Brito de Sousa

16.05.2014 – 16.54h
***

 

13
Jun24

BANDEIRA DE CORSÁRIO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

old boat pint (1).jpg

Imagem Pinterest

*

BANDEIRA DE CORSÁRIO
*


À nuvem que crescia ordenei: - Gela!

E ela estremeceu, mas não gelou.

Quis pintar qualquer coisa e gritei: - Tela!

Mas ela fez-se surda ou nem escutou
*


Restava-me a memória, esta sequela

De um sonho (in)conquistado que passou,

Escondida onde nem eu dava por ela,

Murchando à sombra desta que hoje sou
*


Escrava da minha própria liberdade,

Jamais o burburinho da cidade

Me há-de arrancar à paz do meu estuário
*


Sobre o convés do galeão, que piso,

Disparo o meu canhão, sem pré-aviso,

E desfraldo a bandeira de corsário.
*


Maria João Brito de Sousa

19.07.2018 – 17.15h
***

Às minhas memórias de Emílio Salgari

10
Jun24

SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Avó Alice, avô poeta e eu - Algés.jpg

Eu com a avó Alice e o avô poeta na varanda da casa da rua

Luís de Camões

***

SE O CHICOTE DO RAIO ME ILUMINA
*


Se hoje escrevo com força de trovão

E o chicote do raio me ilumina,

São as minhas memórias de menina

Que, debruçadas neste coração,
*


Me enfunam das razões que há na razão

Essa improvável vela que, à bolina,

Singra agora indomável peregrina

Dos ventos que vão rumo ao furacão
*


Lembras-te, avô poeta, desses dias

Das chuvas fortes e das ventanias

Que tanta vez saudámos fascinados
*


P´las vergastas de luz que ribombavam

Colorindo as rajadas que açoitavam

Os nossos rostos mudos e assombrados?
*

 


© Maria João Brito de Sousa - Julho, 2020
*

(escrito no dia a seguir à grande trovoada de Verão)

 

06
Mai24

NAS TUAS MÃOS - Reedição

Maria João Brito de Sousa

1972 (3).jpg

Fotografia de Abel Ferreira Simões

*

NAS TUAS MÃOS
*

 

Nas tuas mãos eu, ave, me confesso

E esvoaço e sucumbo e já rendida

Espero delas a graça de uma ermida

Onde a chama que sou não tenha preço
*


Eu, ave, tudo entrego e nada peço:

Submeto-me à carícia pressentida

Nas asas da candura em mim escondida

Que tu não sonharias e eu nem meço...
*


E que outra ave marinha ofertaria

Tão extrema e profundíssima alegria?

Que outra se te daria em seda pura?
*


Às tuas mãos, quem mais se atreveria

A desvendar-lhes sede e fantasia

Para enchê-las de espanto e de ternura?
*

 


Maria João Brito de Sousa
Maio 2007
***

05
Mai24

MÃE

Maria João Brito de Sousa

 

 

Mãe na casa da Rua João Chagas - Algés (2).jpg

Fotografia de António Pedro Brito de Sousa

*

MÃE 

*
Soneto Bordado a Linho Sobre Cetim
*


Nestes versos que engomo a ferro quente

sem uma ruga que ensombre, no fim,

este lembrar-te quando, estando ausente,

te não recordas, nem sequer de mim,
*


Neste auscultar-te como se presente

te mantivesse, eternizando assim,

doce, a memória, quando é tão dif`rente

de ver-te viva, bordar-te em cetim...
*


Neste dizer talvez nada sabendo

- suave inocência dos momentos tristes -,

nesta ilusão que sei, mas nunca entendo,
*

Te afirmo que, apesar de tudo, existes:

Estás nas palavras em que aqui te prendo

e na certeza de que em mim persistes.
*


Maria João Brito de Sousa

03.05.2015-02.48h
***


In Antologia Horizontes da Poesia VII

 

25
Abr24

MÃOS DE ABRIL - Reedição

Maria João Brito de Sousa

ao piano pinterest (2).jpg

Imagem Pinterest

*

MÃOS DE ABRIL
*
 
 
A mão que esboça o verso, ampara a vida,
 
Transporta o saco cheio, amassa o pão,
 
Cava o torrão mais duro e, mesmo f`rida,
 
Prefere a dor sentida a não ser mão
*
 
 
Renasce a cada causa antes perdida
 
E tece e fia e doba e faz questão
 
De, sobre a tela pronta e já tecida,
 
Lavrar, do próprio gesto, a criação.
*
 
 
 
A mão trabalha ainda, a mão persiste
 
E até quando algemada ela se agita:
 
Ou se livra da peia… ou lhe resiste!
*
 
 
Será por cada mão que não desiste
 
Que a força de que o mundo necessita
 
Justifica a razão que ao povo assiste!
*
 
 
 
Maria João Brito de Sousa 
 
29.01.2014 – 14.43h
***
 
22
Abr24

UM SONETO À RESISTÊNCIA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

JANGADA - António de Sousa, Alice Brito de Sousa.jpeg

UM SONETO À RESISTÊNCIA
*

 

Neste meu lugre-escuna – ou é jangada? -

Vou resistindo enquanto vou podendo

E devo-vos dizer que me não vendo

Porque por preço algum serei comprada
*


Nem esta embarcação será tomada

Porque sou frágil mas nunca me rendo

E o verso é sempre a amarra a que me prendo

Enquanto dela sobre um quase nada...
*


Venho falar-vos desta força imensa,

Que tremeluz e tanto mais se adensa

Quanto mais vai teimando em resistir,
*


Que me flui no sentir, mas que se pensa,

Que mesmo naufragada, exausta, tensa,

Emerge e nada em vez de desistir.
*


Maria João Brito de Sousa

09.04.2015 – 14.11h
***

20
Abr24

VERSOS DO DESENGANO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

estrela do mar pint (2).jpg

Imagem Pinterest

*

VERSOS DO DESENGANO
*


O Mundo não me vê. Sou invisível

Como as teimosas ervas dos caminhos

E estes meus versos frágeis, comezinhos,

Não passam de um rumor quase inaudível...
*


Não fora eu tão humana, perecível

E eterna escrava dos meus desalinhos...

Mas os astros, amor, morrem sozinhos

E nem esse teu deus é infalível!
*


O que é o Mundo, amor que um dia amei,

Senão a rocha astral em que me sei

Até que um dia deixe de saber-me
*

 

Se os infinitos sonhos que (im)plantei

Nos versos dos poemas que engendrei,

Não me tornam maior que um simples verme?
*

 


Mª João Brito de Sousa
16.04.2022 - 11.45h
***

Memorando o soneto VERSOS DE ORGULHO de Florbela Espanca

 

29
Mar24

VISLUMBRES DE UMA DISTOPIA - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Inferno - Hieronymus Bosch (1).jpg

Tela de Hieronymus Bosch

*

VISLUMBRES DE UMA DISTOPIA
*


Silenciosos nos seus corpos de aço,

Dormindo estranhos sonos vigilantes

E usufruindo, ou não, de um espanto escasso,

Estão os que já não são o que eram dantes
*


Guardam os torreões do novo Paço

E, escolhidos a dedo, são gigantes

Que correm dez mil milhas sem cansaço

E abatem de um só sopro astros errantes
*


As montanhas, rolando sobre esferas,

Desviam-se dos rios e das ribeiras

Que agora desaguam nas crateras
*


Cavadas pelas balas não certeiras:

Não há dias nem noites, só há esperas,

Frágeis conspirações, pulsões grosseiras...
*

 

Mª João Brito de Sousa

28.03.2022 - 14.00h
***

 

26
Mar24

SONETO DO MAL MENOR - Reedição

Maria João Brito de Sousa

9925-cesto-de-rosas-vermelhas.jpg

SONETO DO MAL MENOR
*


Dá-me o ramo das rosas perdulárias

comprado na florista já esquecida

armado no “bouquet” morto e sem vida

das condenadas almas solitárias...
*


Dá-me uma – mais serão desnecessárias...-

na haste em que a chorei, porque, à partida,

lhe condeno a razão de ser colhida,

deixando, na raiz, funções tão várias
*


Juro que não protesto... e mais não digo!

Hoje perco a raiz, enfrento o p`rigo

e estou pronta a render-me sem chorar
*


Se o derradeiro golpe, esse castigo

que me arranca do mundo em que me abrigo,

me degolar, de vez, sem me magoar
*.

 

Maria João Brito de Sousa

26.03.2015- 15.08h

12
Mar24

DESOLAÇÃO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

floresta de livros pint (3).jpg

Imagem Pinterest

*

DESOLAÇÃO
*


Choro quem parte e temo por quem fica:

Se a vida tem remédio, a morte não

E o mundo vai caindo em depressão,

Sem que se saiba tudo o que isso implica
*


Já que ao que tudo ou quase tudo indica,

Pouco nos deixa, esta devastação

Pr`além do rasto de desolação

Que diante de nós se multiplica
*


Como vírus que, entrando em mutação,

Corrói um mundo do qual não abdica

E lhe devora a carne feita pão.
*


Lá longe, ouve-se um sino que repica,

Uma voz que suplica a salvação

E outra que nega o que isso significa.
*


Maria João Brito de Sousa

03.03.2021 - 11.07h
***

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