Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
04
Mai21

QUIMERAS, NÃO! - Coroa de Sonetos - Custódio Montes e Maria João Brito de Sousa

Maria João Brito de Sousa

L`IMPORTANT C`EST LA ROSE.jpg

 

 

QUIMERAS, NÃO
*
Coroa de Sonetos
*

Custódio Montes e Maria João Brito de Sousa

***

1.
*

Quimeras não mas astro que flameja

Entre astros que alumiam cintilantes

Com luzes bem visíveis divagantes

Que vencem com valor toda a peleja
*


Nos temas que enuncia e que verseja

Tão claros, tão ricos, importantes

Sentimo-nos poetas militantes

Nas causas que nos traz e nos enseja
*


Não diga mal de si, diga a verdade

Mostrando no poema a realidade

Que toda a gente ao lê-la adivinha
*


As coisas que nos diz na poesia

Só nos trazem prazer e alegria

E o condão do poder duma rainha
*

Custódio Montes

***

2.
*

"E o condão do poder duma rainha"

Que a ser rainha sempre se recusa,

Já que obreira quer ser. E de alma lusa,

Tecedeira sem fuso ou roca ou linha
*


Com que remende a dor da terra minha

Que, desde o berço, de mim fez reclusa;

Quimera me achei hoje e logo a Musa

Veio acudir, tal qual fada-madrinha
*


Vestindo a pele de um homem, desta vez,

Exigindo-me alguma sensatez

E negando a Quimera em que me espelho
*


Porém, se num repente, assim me vi,

Foi no olhar de quem eu concebi

Que encontrei, reflectido, este assemelho...
*

 

Maria João Brito de Sousa - 02.05.2021 - 22.34h
***

3.
*

“Que encontrei, reflectido, este assemelho”

Se olhar com atenção, repare bem,

Em tudo o que lá vê, verá também

Mas veja ao pormenor, limpando o celho
*

Que aquilo que reflete o seu espelho

É sim a tal rainha que lá tem

E que bem lá no fundo o que contém

É uma mestre a dar-nos seu conselho
*

Porque aquilo que observa e nos diz

No conteúdo e forma é tão feliz

Artístico e ledo e até com gana
*

Que toda a gente vê e não só eu

Até mesmo que olhada por plebeu

Vê bem que a sua escrita é soberana
*

Custódio Montes

3.4.2021
***
4.
*

"Vê bem que sua escrita é soberana",

Embora ela se sinta a mais plebeia

De todos os plebeus, já que a norteia

O leme firme de uma mão humana.
*


Ainda que, em quimera, surja insana

E crua para o mundo que a rodeia,

Não passa de um reflexo. Quem cerceia

O amor paradoxal que dela emana?
*


De mim não falarei; só da Quimera,

No reflexo fugaz que se apodera

Dos versos de um soneto inesperado
*


No qual se reconhece por segundos

Como se fera vinda de outros mundos

Reflectidos em espelho embaciado.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 03.05.2021 - 12.40h

***

 

5.
*

“Reflectidos em espelho embaciado”

Muitos egos eu vejo suceder

Aqui eu vejo um ego a merecer

Louvores e um trajecto consagrado
*


Quimera porque não que é versado

Aquele que tão bem sabe escrever

Inventa meio mundo e o saber

Nos seus versos está bem espelhado
*


Um astro só se mostra e sabe estar

Sem que seja preciso demonstrar

A luz que lhe irradia ao seu redor
*


Falar de si, falar de poesia

A gente sente logo esta magia

De ver à nossa volta só esplendor
*

Custódio Montes

3.4.2021
***

6.
*

 

"De ver à nossa volta só esplendor"

Tal qual nos versos seus eu vejo agora;

De si a poesia se enamora

E até canta a Quimera o seu amor...
*


Bate as asas de drago ou de condor

E retorna ao seu mundo que é de outrora;

Por cá fica a poeta, a que labora,

A que ao soneto of`rece o seu melhor,
*


Sem honras de rainha, que as não quer,

Nem jóias, nem tesouros, nem poder

Que não seja poder escrever assim,
*


Compondo imaginárias sinfonias

Plenas de conteúdo, não vazias,

Porque não há vazios dentro de mim!
*


Maria João Brito de Sousa - 03.05.2021 - 14.50h

***

7.
*

 

“Porque não há vazios dentro de mim!”

Mas há a completude e a firmeza

Que nos revela bem essa certeza

De ver nos seus escritos um jardim
*


Com flores glamorosas de jasmim

Vermelho escarlate framboesa

Espelhados à volta com beleza

Histórias e contos de Aladim
*

 

Poemas de rainha inaltecidos

Que nos levam ao céu engrandecidos

Mostrando-nos veredas e as metas
*


Para ficarmos juntos e andar

Com musa ou sem musa e a sonhar

Os sonhos que nos mostram os poetas
*

 

Custódio Montes

(3.5.2021)
***

8.
*

 

"Os sonhos que nos mostram os poetas"

São bastas vezes lírios, dos campestres,

Ou são arbustos de amoras silvestres,

Torgas erguidas como linhas rectas,
*


Rubras papoilas, frágeis violetas

E flor`s de ortiga belas, mas agrestes...

Das mais modestas coisas nascem mestres

Grandes no traço e ricos nas paletas.
*


Não sei qual foi a Musa que nos coube

E só a mencionei porque não soube

Melhor explicar o fluir do face-a-face
*


Entre os seus versos e os que vou compondo

Até fechar-se o aro bem redondo

Que é, da Coroa, o grande desenlace.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 03.05.2021- 17.24h

***

 

 

9.
*

“Que é, da Coroa, o grande desenlace.”

A coroa é nome nada mais

E sem poemas não o é jamais

Os poemas é que mostram sua face
*

 

Os temas esses dão-lhe o seu realce

E quando escolhidos dão sinais

Do belo, sendo às vezes doutrinais

Num rumo que se tenha e se trace
*

 

A musa vem às vezes outras não

E quando assim for o poeta então

Terá que lançar mão do improviso
*

 

E noutras tem então que disfarçar

Para a sua fraqueza não mostrar

E dá todas as voltas que é preciso
*

Custódio Montes

3.5.3021
***

10.
*


"E dá todas as voltas que é preciso",

Mas se é preciso voltar à quimera,

Deixemos de a tratar como uma fera

Com três cabeças e nenhum juízo
*


Cujo significado anda indeciso

Entre mostrengo e fantasia mera;

Pode ser quanto a nossa mente gera

Tal como Eva e Adão no Paraíso...
*


Assim volta a quimera a estar connosco,

Não mais na forma de um mostrengo tosco,

Pois redimida do seu estranho aspecto
*


Passou agora a mito ou fantasia,

Coisa irreal que qualquer mente cria

Mas que é muito dif`rente de um projecto.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 03.04.2021 - 20.13h
***

 

13.
*

“Do que afogar no mar a tua mágoa!”

Dizer é muito fácil, desespera

O poeta parado assim à espera.

Quando a musa me foge eu vou e trago-a
*

 

Agarro-a à jangada na lagoa

Mesmo que ela se faça uma fera

Depois digo com jeito: quem me dera

Que, em vez de má, amiga, fosses boa
*

 


Abraça-me então logo de mansinho

Eu entoo-lhe um fado com carinho

E volta ela cheia de magia
*

 


Gosta do tom da voz que lhe ofereço

E logo ela tece no que eu teço

Com sonho com quimera e poesia
*

Custódio Montes
*

3.4.2021
***

14.
*

"Com sonho com quimera e poesia"

Se vão tecendo as coroas, uma a uma,

Sem que nenhum de nós sequer presuma

Quão fortes laços a palavra cria
*

 


Nem de quem são os fios que a Musa fia

Para obter a leveza de uma pluma

E a brancura da onda feita em espuma

Que com doçura of`rece à melodia...
*


Esforço-me um pouco mais e descortino

Em cada verso um compassado hino

Que me pede que o oiça e sinta e veja
*


E, de repente, a música de fundo

Vem sobrepor-se aos sons banais do mundo;

-"Quimeras não mas astro que flameja!"
*

 


Maria João Brito de Sousa - 04.05.2021 - 00.00h


***

 

Imagem - "LÌMPORTANT C`EST LA ROSE",  Maria João Brito de Sousa, 1999

(pastel de óleo e acrílico s/ papel montado em tela)

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!