POR VEZES A PALAVRA É PEDRA E CAI(A)...
POR VEZES, A PALAVRA É PEDRA E CAI(A)...
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Por vezes, "a palavra é pedra e cai(a)",
Ora num precipício, ora dum muro;
Efémero e fugaz golpe de saia,
Pincel de transparências sobre o escuro,
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Dama de porcelana que desmaia,
Vislumbre de impossíveis que, inseguro,
Deixa de (de)bater-se e chega à praia
Para nela afogar o seu futuro.
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Mas pode ser também pedra-de-toque,
Parede-mestra, sopro, onda-de-choque
Moldando outro futuro. Outro qualquer.
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Efémera ou perene, ei-la presente
No mais opaco e no mais transparente
Dos sonhos que alguém possa entretecer.
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Maria João Brito de Sousa - 07.05.2020 - 09.27h
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À poetisa Lídia Borges, a partir de dois versos seus "Há momentos em que a palavra/ É pedra e cai[a]"
Imagem retirada daqui
NOTA - Acabo de ser contactada pela autora que me alertou para o facto de os versos originais terem um erro. É um erro claramente induzido pela minha quase cegueira e não posso modificar o soneto ou deixaria de fazer sentido, mas aqui fica a correcta transcrição dos dois versos; "Há momentos em que a palavra/ É pedra e cal[a]."