RUAS
(Soneto em verso alexandrino)
Adoro, ao pôr-do-Sol, ver a noite cair
Sobre esta minha rua, esta rua onde moro,
E por sobre a calçada amada ver surgir
Em raios de luar a luz com que a decoro.
Amanhã, se acordar, hei-de vê-la a florir!
Há sempre um “se” eu sei, mas nunca, nunca choro,
Tal como nunca sei se irei, ou não, mentir,
Dizendo não pedir, pois nunca nada imploro.
Passa a noite a correr. Nem dei por que passasse
Conquanto a sono solto um sonho cavalgasse...
E, quanto à rua amada, amor, vejo-a sem ti,
Pois por mais que no sonho ansiosa o procurasse
Não mais vi, nesta rua, abrigo que abrigasse...
Rua da qual gostasse, amor, não mais a vi.
Maria João Brito de Sousa – 12.09.2017 – 08.29h