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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
27
Ago20

VELHOS GIGANTES

Maria João Brito de Sousa

velhos gicantes.jpg

Imagem retirada daqui

 

 VELHOS GIGANTES
*


Mastigam-se os minutos devagar

Saboreando o travo dos instantes...

Já nada sabe ao que sabia dantes,

Foi-se-nos subvertendo o paladar,

*

Mas muito mais há pra saborear;

Significados e significantes

Tornam-se cada vez mais importantes

E cada vez nos dão mais que pensar.
*

A dúvida, essa mestra milenar,

Transmuta-nos, de velhos, em gigantes

E só a morte poderá frear
*

Esses questionamentos militantes

Que de nós continuam a brotar

Mais sábios, mais fecundos, mais constantes.
*


Maria João Brito de Sousa - 27.08.2020 - 13.59h

 

 

26
Ago20

ANTIGOS MEDOS

Maria João Brito de Sousa

valquiria-medo.jpg

Imagem retirada daqui

 

 ANTIGOS MEDOS
*

(Soneto em verso alexandrino)
*


Trágico era esse medo, esse terror imenso

De nevoeiro denso abrindo manhã cedo

As portas ao segredo, à ausência de bom-senso,

Pairando tenso, tenso ali, como arvoredo,
*

 

Silente como um credo e em tudo o mais pretenso...

Terá, segundo penso, arestas de rochedo

E avança qual degredo ousado, amargo, intenso,

Até ficar suspenso e apontando o dedo
*

 

Àquele que ficou quedo, aprisionado em si.

Tudo isto, em tempos, vi, tudo isto presenciei,

Tudo isto analisei até que percebi
*

 

Não ser o que escolhi. Só desta forma sei

Quão bem me preparei para o que afirmo aqui;

Se então sobrevivi, mais sobreviverei.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 26.08.2020 - 14.20h

 

 

05
Ago20

LUZ E SOMBRA

Maria João Brito de Sousa

luz e sombra.png

LUZ E SOMBRA
*


Ardo na sombra que te oferta abrigo

E que te embala as noites quando frias,

A mesma que ameniza o sol dos dias

E é em mim que cozinhas o teu trigo.
*

Do brasido em que viste o meu castigo,

Retiro a recompensa, as alegrias,

E tu, teu próprio pão retirarias

Não foras crer-te deus em vez de amigo.
*

Gloriosa mas breve, a madrugada

Depressa despe as chamas que envergara

Dilui-se já no dia, fatigada.
*

Arde a brasa, porém, que essa não pára

E, humilde, guarda o fogo resguardada;

Da sombra nasce a luz que te é tão cara.
*


Maria João Brito de Sousa - 05.08.2020 - 13.00h

 

Imagem retirada daqui

04
Ago20

SAUDADES

Maria João Brito de Sousa

NO QUARTO DOS BRINQUEDOS - Algés.jpg

SAUDADES
*

 

O mais difícil seria acordá-las,

Que em tudo quanto é canto estão dormindo;

Nas estantes, nos livros ou nas malas,

É-nos quase impossível vê-las vindo
*

 

Mas é-nos fácil i-las pressentindo

Nos quartos, nas cozinhas e nas salas

Pra onde ingenuamente formos indo

Já que sempre nos coube, a nós, levá-las.
*

 

Terão todas as formas que lhes dermos

E só nos doerão se não soubermos

Usá-las de maneira criativa
*

 

Terão, pois, o tamanho que quisermos

E não serão, segundo os nossos termos,

Mais do que uma memória ainda viva.
*

 


Maria João Brito de Sousa -04.08.2020 - 11.00h
*

 

"Sou trabalhador dos correios e gosto de selo" - "private joke" para um bom amigo

01
Ago20

NÃO ESPERO, NÃO PROMETO, NEM O JURO...

Maria João Brito de Sousa

não penso, nem juro.jpeg

NÃO ESPERO, NÃO PROMETO, NEM O JURO...
**


"Desatando este nó que me amordaça"

Desfiando a meada em contra-mão

E enrolando o fio que se embaraça

Nas tralhas que guardei no coração,
*


Já voei de ameaça em ameaça

Até pousar de vez neste meu chão

Levada pelo vento, esse que passa

De suave harpejo à fúria de um tufão...

*


Não penso, não prometo, nem o juro

E posso garantir que o nem procuro;

Acontece-me sempre que o não espero

*

Soltar-se assim, genuinamente puro,

Um grito verde que nasceu maduro,

Sereno e tão cortante quão severo.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 01.08.2020 - 11.55h
*

 

(Poema criado a partir do primeiro verso do soneto JURO II, de MEA)

 

Imagem retirada daqui

29
Jul20

VISÃO

Maria João Brito de Sousa

concentração.jpg

VISÃO
*

 

Resvala-me uma mão, fruto impotente

De um segundo de amarga lucidez

Que me corta a palavra omnipresente

Sem dar-me o benefício de um talvez

*

Resvala-me outra mão, mesmo à tangente

Do verso que empunhara dessa vez,

E não há olhos que lhe façam frente

Nem há tamanho para o que desfez...
*

Noutro segundo, o gesto recomeça

Tomando rumo inverso. Ergue-se a mão.

Pode ser que o poema prevaleça
*

Apesar de inseguro... ou talvez não

Seja a visão a chave desta peça

Que exige muito mais do que visão.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 29.07.2020- 12.05h

 

 

 

 

 

 

 

26
Jul20

URGÊNCIAS DO DIA A DIA

Maria João Brito de Sousa

debruçada na varanda dos meus olhos.jpg

URGÊNCIAS DO DIA A DIA
*

 

 

No varandim de uns olhos imprestáveis

Debruça-se a razão que, em desespero,

Tenta dar conta de tudo o que eu quero

E só vislumbra vultos sempre instáveis,
*

 

Sombras indefinidas, improváveis,

Rastos já desgastados pelo esmero

Com que os gastei. Até ao fim, severo,

O anseio de torná-los decifráveis
*

 

E, nublando a alegria natural,

Emerge a nitidez de uma impotência

Que faz doer bem mais que o próprio mal.
*

 

Depois... depois dilui-se essa emergência

Na criatividade pontual

E prontamente acudo à nova urgência.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 26.07.2020 -10.37h

 

Imagem retirada daqui

22
Jul20

CONFINAMENTOS

Maria João Brito de Sousa

confinamentos.jpg

 

CONFINAMENTOS

*

 

Não fosse eu ter a prática que tenho

Em cativeiros e confinamentos

E ficaria seca como um lenho,

Em vez de abrir-me em versos suculentos...
*

 

Enfrentemos, amigo, o tempo estranho

Ainda que espantados, sonolentos,

Recordemos em vão tempos de antanho

Enquanto os dias, cada vez mais lentos,
*

 

Parecem ser, de Tântalo, a tortura

E se guarda o abraço e a ternura

No baú velho das coisas vividas;
*

 

Não roda a chave nesta fechadura,

Mas há-de haver alguém qu`inda a procura;

Que se ache antes do fim das nossas vidas!
*

 

Maria João Brito de Sousa - 22.07.2020 - 14.18h

 

 

Ao poeta amigo José Primaz

21
Jul20

A VELA AROMÁTICA

Maria João Brito de Sousa

WIN_20200721_23_30_24_Pro (2).jpg


A VELA AROMÁTICA

*

 

Da Madona Sistina à minha sala,

De Rafael até à poesia

Vêm os anjos de que faço gala

Mostrar-lhe nesta vela que alumia
*


E que um perfume delicado exala

Deixando a sala inteira em harmonia

Com a alegria desta que a não cala

Quando em soneto expressa essa alegria.
*


Ei-la aqui, luminosa e rescendente

Enquanto cada anjinho, paciente,

Nos olhos guarda décadas sem fim.
*


Por esse olhar os séculos passaram

E nem por um segundo dormitaram

Os anjos das asinhas de cetim.
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 21.07.2020 - 23.48

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