Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
07
Mai20

POR VEZES A PALAVRA É PEDRA E CAI(A)...

Maria João Brito de Sousa

POMAR.jpg

POR VEZES, A PALAVRA É PEDRA E CAI(A)...

*

Por vezes, "a palavra é pedra e cai(a)",

Ora num precipício, ora dum muro;

Efémero e fugaz golpe de saia,

Pincel de transparências sobre o escuro,

*

Dama de porcelana que desmaia,

Vislumbre de impossíveis que, inseguro,

Deixa de (de)bater-se e chega à praia

Para nela afogar o seu futuro.

*

Mas pode ser também pedra-de-toque,

Parede-mestra, sopro, onda-de-choque

Moldando outro futuro. Outro qualquer.

*

Efémera ou perene, ei-la presente

No mais opaco e no mais transparente

Dos sonhos que alguém possa entretecer.

*

 

Maria João Brito de Sousa - 07.05.2020 - 09.27h
*


À poetisa Lídia Borges, a partir de dois versos seus "Há momentos em que a palavra/ É pedra e cai[a]"

 

Imagem retirada daqui

NOTA - Acabo de ser contactada pela autora que me alertou para o facto de os versos originais terem um erro. É um erro claramente induzido pela minha quase cegueira e não posso modificar o soneto ou deixaria de fazer sentido, mas aqui fica a correcta transcrição dos dois versos; "Há momentos em que a palavra/ É pedra e cal[a]."

 

 

05
Mai20

LÍNGUA MATER

Maria João Brito de Sousa

lingua-portuguesa-277x190.jpg

LÍNGUA MATER
*


Cheiras-me a citrinos, sabes-me a canela,

Soas-me tão bela quanto os grandes hinos

E até os destinos gritarão; És ela,

És a que nos sela com lacres latinos,
*


Se nos exibimos sem qualquer cautela

Numa caravela por céus clandestinos,

Hereges divinos urdidos em tela,

Tudo e todos nela; povos, fados, sinos...

*

 

Sabes-me a alegria, levas-me à tristeza

De não ter grandeza pra tanta harmonia.

És por vezes pia, noutras a avareza
*


Senta-se-te à mesa, rouba a soberania

Ao que te cabia só por natureza,

Mas tanta beleza... mais nenhuma a cria!
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 05.05.2020- 20.43h
*


NO DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

(soneto hendecassilábico com dupla rima encadeada)

 

Imagem retirada  daqui

05
Mai20

SIGAMOS MAIO AFORA II

Maria João Brito de Sousa

sigamos Maio afora II.jpg

SIGAMOS MAIO AFORA II
*


Ó Maio das trovoadas contrastando

Com os azuis profundos do teu céu

E as alvas rendas que o mar vai bordando

Sobre areias e rochas. Tudo é teu!
*


De Maio é que os vermelhos vão brotando

Quando a rubra bandeira eclipsa o véu

Que a "reacção" ainda vai teimando

Em estender sobre um chão que já perdeu!
*


Viva Maio! Pra sempre e mais um dia,

Viva o Maio que em Maio romperia

Como semente de árvore de fruto
*


Que nem machado, nem serra dentada

Poderão derrubar, porque plantada

Onde a vontade erguera o seu reduto!

*

 

Maria João Brito de Sousa - 05.05.2020 - 11.29h

 

Imagem retirada daqui

04
Mai20

EM SILÊNCIO, MÃE

Maria João Brito de Sousa

MÃE- MARIA MANUELA BARATA SALGUEIRO VALENTE BELO BASÍLIO BRITO DE SOUSA.jpg

EM SILÊNCIO, MÃE


*


Seria sempre tarde ou muito cedo

Pra te tentar dizer o que hoje digo,

Ó minha mãe guardada num segredo

Muito só nosso e por demais antigo.

*


Não houve raiva, mãe, nem houve medo,

Nem rebeldia ou sombra de castigo

Mas sendo tão menina fui brinquedo

Que te desafiava e, eu, contigo

*


Já não brincava, mãe, que outras estradas

Me chamavam pra novas caminhadas

Que nunca aceitarias. Cedo ou tarde,

*


Tão menos unas, quão menos distantes

Estaríamos, ainda que ignorantes

De de um murmúrio nascer tanto alarde.


*

 


Maria João Brito de Sousa - 03.05.2020 - 13.26h
*

(da jovem que fui para a minha então ainda jovem mãe)

03
Mai20

COMO AS ANDORINHAS

Maria João Brito de Sousa

andorinha-migração.jpg

COMO AS ANDORINHAS
*

 


Não trago mezinhas, nem vos trago nada
Que ando já cansada de ver que sozinhas
Bocejam vizinhas, qual a mais trancada,
Qual  mais alquebrada de esfregar cozinhas,
*

 

De espanar coisinhas, de ficar deitada...
Aqui, confinada, escrevo cantiguinhas
Muito levezinhas. Versão mais pesada
É bem complicada e eu suo estopinhas
*

 

Pr`adoçar-lhe as linhas ou dar-lhe a toada
Mais apropriada, tal qual as gavinhas
Que moldam as vinhas a qualquer latada.
*

 

Hoje, atordoada, só de coisas minhas
Encho estas cestinhas de palha entrançada;
Vou em revoada, como as andorinhas!
*

 


Maria João Brito de Sousa - 02.05.2020 - 11.59h

 

(soneto hendecassilábico com dupla rima)

 

 

02
Mai20

SIGAMOS MAIO AFORA

Maria João Brito de Sousa

Maio afora.jpg

SIGAMOS MAIO AFORA
*


Sigamos Maio afora confiantes
Sabendo, embora, quanto nos espera;
Sejamos mais do que o que fomos antes
Em cada Maio e em cada Primavera,
*

 

Que Maio sempre fez de nós gigantes
Diante da malícia de uma fera
Que nos tem por dispersos, vãos, errantes
Cavaleiros do sonho e da quimera.
*

 

Sigamos Maio afora; Junho e Julho
Esperam por nós, de nós terão orgulho,
Tal como cada mês que está por vir
*

 

Nos há-de abrir os braços, finalmente,
Quando o futuro se tornar presente
De quanta gente em Maio o construir!
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 02.05.2020 - 08.39h

 

 

Imagem retirada daqui

30
Abr20

VERDADE(S) III

Maria João Brito de Sousa

O GATO - 1999.jpg

VERDADE(S)III

EM (genuíno) SONETO ALEXANDRINO

(a da genuinidade)
*


Tudo pondo em questão, duvido sem parar
Da placidez lunar até à suspeição
Com que encaro a fissão de teor nuclear,
Não vá ela levar o mundo à perdição...
*


Sou fiel como um cão, mas sou gato a sondar
Tudo quanto encontrar espalhado pelo chão;
Ignoro a frustração e afasto-a se chegar
A mim sem me enlevar, nem me pedir perdão.
*


Duvido por sistema e não deixo de crer
Num versito qualquer que aspire a ser poema
Seja qual for o tema a  que se propuser,
*


Portanto, mal puder, desfaço o tal dilema
E não há voz suprema ou espada de aluguer
Que me force a ceder se o verso em mim já rema.
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 29.04.2020 - 13.00h

29
Abr20

VERDADE(S) II

Maria João Brito de Sousa

singularidade.png

VERDADE(S) II

(a da singularidade)
*

 

Creio na insustentável lucidez
Do verso acabadinho de eclodir
Que noutros se replica, achando vez
Pr`acrescentar-se até se despedir.
*

 

Creio no homem que consegue rir
E no que chora ao fim de cada mês
A fome que está farto de sentir
E a raiva que lhe impõe novos porquês.
*

 

Creio na irreverência dos felinos,
Na clara transcendência de alguns hinos,
Nos amanhãs que um dia cantarão,
*

 

Nas doutas obras e nas comezinhas
Coisas do dia-a-dia. Até nas minhas
Óbvias fraquezas, que tão fortes são...

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 28.04.2020 - 16.30h

 

Imagem retirada daqui

28
Abr20

VERDADE(S)

Maria João Brito de Sousa

verdade - passarola.jpg

VERDADE(S)

(a da evolução)
*


Na verdade guardada a sete-chaves
No cofre de uns arcanos poderosos,
Não creio, não, que anseio como as aves
Por simples vôos livres, silenciosos.

*

 

Na verdade que embarca em grandes naves
Movida por segredos tenebrosos,
Também não creio, não, que ponho entraves
A testemunhos pouco rigorosos.

*

 

Não creio, não, numa única verdade
Mas creio em cada espanto que a vontade
Desperta em cada homem quando, atento,

*

 

Se permite aceitá-la inda inconclusa,
E, assim, creio na fome que, profusa,
Do próprio fruto retira alimento.
*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 27.04.2020 - 15.58h

 

27
Abr20

A DATA-TERMO DAS NOSSAS FACTURAS

Maria João Brito de Sousa

facturas II.jpg

A DATA-TERMO DAS NOSSAS FACTURAS
*


Não sei se pelos meses vou passando,
Se pelo fim do prazo das facturas
Que, mês a mês, me impõem ir pagando,
Tal qual fazem as outras criaturas
*

Humanas como eu, que vão gastando
Água, energia e gás. E que aventuras,
Que ginásticas vamos engendrando,
Que milagres pedimos, que figuras

*

Fazemos quando o prazo está findando
E os euros já se foram nas verduras,
No arroz e no pão, nada sobrando...
*

Segunda conta-aviso... e mais tremuras!
É iminente o corte, aniquilando
De vez, sonhos e nervos. Vidas duras...
*


Maria João Brito de Sousa - 27.04.2020 - 10.39h

 

 

 

26
Abr20

SONETO SEM TÍTULO

Maria João Brito de Sousa

SONETO SEM TÍTULO.jpg

SONETO SEM TÍTULO

ou

NAUFRAGANDO, SEM MAREAR

*

Por que fomes passaste, companheiro
Feito de pó de estrelas como eu?
Que sede insaciável te bebeu
Sonho, sangue e suor do corpo inteiro?

*


Por que alto mastro ou por que chão rasteiro
Passaste a vida que te anoiteceu
Enquanto um velho sonho te prendeu
À pulsão de ir ao mar sem ter veleiro?

*

Assim te vejo. Assim me aconteceu,
Velho ou menino, casado ou solteiro,
Lembrar-te ou inventar-te enquanto réu

*

De imaginário tribunal costeiro,
Entre barcas com velas azul-céu
E ondas moldadas em rodas de oleiro.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 26.04.2020 - 14.25h

 

 

Imagem retirada daqui

24
Abr20

25 DE ABRIL, SEMPRE!

Maria João Brito de Sousa

25 de Abril - do Relógio de Pêndulo, 2020.jpg

25 DE ABRIL, SEMPRE!
*

 

Chegou enchendo as ruas da cidade,
Pintando cada casa de vermelho,
Deixando que um do outro fosse o espelho
Que em cada um espelhava a liberdade.

*


Semeou as sementes de igualdade
Nas já cansadas mãos de cada velho
E do jovem também, sem um conselho,
Que tempo nunca teve, ou mesmo idade.

*


A todos pertencia e, por igual,
De todos foi repasto e comensal
Na grande mesa da libertação.

*


Fomos nós, povo, quem o conquistou
E a nós cabe lembrar que, se murchou,
Reavivá-lo está na nossa mão!
*

 

Maria João Brito de Sousa -24.04.2020 - 10.30h

 

Imagem carinhosamente roubada do blog Relógio de Pêndulo

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!