POEMA À PRIMEIRA MULHER II - Reedição
POEMA À PRIMEIRA MULHER II
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Imaculada, afirmo o que não devo:
Preencho a escura cova do meu fim
Com quanta flor semeie num jardim
Quimérico, insondável e primevo…
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Ingénua, sem sonhar que me descrevo
À luz do que mais puro existe em mim,
Não fora o escuro abismo ser assim,
Profundo - tanto mais quão mais me elevo… -
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Talvez soubesse projectar-me toda
Nos sonhos que me orbitam numa roda
Que aspira à mais perfeita identidade
*
Mas, finalmente, o germe do real
Corrompe a carne preservada em sal,
Desponta e vem-me impor toda a verdade.
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Maria João Brito de Sousa
20.06.2014 - 16.33h
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NOTA – Soneto recriado a partir do soneto original “Poema à Primeira Mulher”
in Pequenas Utopias, Corpos Editora, 2012
Imagem- "As Três Idades do Homem", Hans Baldung Grien