NOVA OEIRAS ACONTECE!
É já na próxima quinta feira, dia 27!
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É já na próxima quinta feira, dia 27!
Sei-me das densas cores que em mim pintares.
[meu corpo, todo, em esdrúxulos prazeres
na anunciação daquilo que quiseres
porquanto serei quanto em mim criares…]
Se, acaso não vieres, se desdenhares
Tão serena brancura, ou não puderes…
Serei a branca tela que não queres,
Aquela que te espera até voltares.
O risco, a cor, o traço… a tábua rasa
Do desconcerto interno que define
Meus passos – nunca inúteis – neste mundo,
Sei-me de branca tela, ardendo, em brasa…
Mas, como cada coisa, algo sublime
Que sabe – ainda… – ser ventre fecundo.
Maria João Brito de Sousa - "Puberdade", Pastel de Óleo, 1999
Serenamente pinto os amanhãs
Do grito azul da forma inacabada
E o meu eixo lunar das horas vãs
Afasta-se, por fim, da antiga estrada
Talvez depois um rio venha abraçar-me
Na transversal de um tempo por nascer
Ou talvez seja tempo de encontrar-me
Onde antes me pensei vir a perder
Serenamente azul, deponho um verso
Junto à campa de um sonho que morreu
Nos braços virtuais de cada estrela
Serenamente tomo o rumo inverso
Do sonho matinal que se perdeu
No branco intemporal da velha tela
Maria João Brito de Sousa - 27.04.2010
Olhei-te e, nesse olhar que vem de dentro,
Descobri forças e fragilidades,
Amores, desilusões, cumplicidades,
Nas mil nuances desse humor cinzento…
É nesse teu olhar que agora enfrento,
Que eu, que não sei dizer senão verdades,
Descubro o intruso gérmen das saudades
Desabrochando em verbo e sofrimento.
Mas o tempo passou. Cristalizado,
Foi ficando p`ra trás esse passado
Quando lançada à terra outra semente
E quero lá saber que o resultado
Me possa até magoar! Maior pecado
Seria andar p`ra trás, olhando em frente.
IMAGEM - MENINA LOROSAE, Maria João Brito de Sousa, 1999 (vendido)
Pois é... não sei o que me deu ontem, ao fim da tarde mas, em vez de soneto, começou a nascer uma tela... ainda não vai nem a meio e é apenas um "momento congelado", como o nome indica. Mas que nasceu, nasceu! É por isso que hoje, em vez de soneto, fica este pormenor do que virá a ser "Just a Frozen Moment"...
Este post vai ser publicado com a opção “pré-datação” e constantemente actualizado em termos de horário, de forma a que, quando esteja visível possa significar que fiquei sem acesso à internet.
Tenho, com efeito, um acesso de banda larga, USB, da TMN em atraso de pagamento. Não houve desleixo. Houve apenas uma tentativa de chegar até onde pudesse e, por vezes, um pouco além. De ser profunda e intensamente “Eu mesma”… aquela qualidade da qual Deus, mais tarde, me pedirá contas…
Penso que não seja novidade para ninguém que estou a auferir de um subsídio da Segurança Social, no valor de 181,91€… foi aumentado, este ano, para 187 e alguns cêntimos de que não consigo, neste momento, lembrar-me com matemática exactidão. A Crise, – o raio da crise! – pelos vistos, anda a fazer grandes estragos em muito boa gente e as beneméritas que me auxiliavam com os animais não lhe escaparam… diminuíram consideravelmente os donativos para o “hospital veterinário” aqui do 4º Frente.
Também não é novidade – penso eu… - que de vez em quando tenho de comer qualquer coisinha. Opto, quase sempre, por uma sopa ou uma meia-de-leite no cafezinho da esquina, por razões que, a mim, me parecem óbvias… mas que talvez só o sejam… para mim. Para mim que pago, sozinha, as contas de água, de gás e de electricidade. Para mim que tenho de distribuir pelas 24 horas que os dias ainda têm – pelo menos para mim e para os animais que comigo coabitam… - o cuidado, higiene e tratamento de 15 criaturas vivas. Contando comigo.Para mim que, estando em casa, não paro um minuto para descansar porque assim o exige esta minha pequena multidão. Para mim que, de alguma forma, estou convicta de ter sido algo dotada em termos de escrita e traço e me encontro, portanto, na obrigação moral de partilhar esses dons. Para mim que, muito ao contrário do que possa parecer, até não sou estúpida de todo e considero que uma vida vale muito mais pela sua qualidade do que pela sua quantidade. Para mim que me sinto, também, na obrigação – alegre obrigação porque é com muito gosto que dialogo através da escrita – de responder aos comentários que diariamente vão deixando nos meus blogs
E, quantas vezes, não tenho de “inventar” horas sobressalentes para “colar” aos dias em que, ininterruptamente, trabalho . Todos os dias.
Toda esta prosa para vos dizer que o meu acesso à internet foi cortado, que tenho mais dívidas do que aquelas que gostaria, sequer, de imaginar e que não senhor. Não sou calona nem gastadora. Desenganem-se os descrentes. Não uso a internet para me divertir ou namorar. Não vejo filmes. Não jogo jogos. Não.
Eu tive, sempre, a certeza – ou a ilusão? – de ter usado a internet para trabalhar. Para crescer enquanto ser vivo e para, na minha opinião, contribuir para que outros pudessem melhorar um pouco. Penso ter dado o meu melhor. Penso que nada mais – e nada mais importante – se pode exigir a um ser humano. Malgré tout.
FORA DO SISTEMA.
PS - Dentro ou fora do sistema, seja qual for a minha orientação espacial ou espácio-temporal, estarei, sempre, profundamente grata a todos os que contribuíram - muito ou pouco, não interessa! - para que os meus dias online não tivessem terminado mais cedo.
Um muito obrigada e um grande abraço de cometa.
... era uma vez um cometa que passou e deixou, atrás de si, algumas centenas de sonetos, muitos abraços - todos os que tinha -, sorrisos, algum espanto e também algumas lágrimas.Porque é este, afinal, o destino de todos os cometas.
Meu estranho, independente, ousado Ego,
Os mundos que me impões são sem fronteiras!
Incitas-me, nas horas derradeiras,
A viagens sem fim que nunca nego!
Meu Ego em mil constantes mutações,
Mantendo, em mim, perfeita unicidade,
A rir das rédeas presas da vontade,
Alheio às mais prementes tentações...
Cósmico Ego, disperso em coisas tantas,
Que todo-poderoso me comandas
Ignorando esta humana imposição!
Meu Ego (esse indif`rente ao que eu consigo...),
Nem sei se complemento ou inimigo
Da minha natural preservação...
Imagem - "Os Guardadores de Luas"
Óleo sobre Tela, 100x60cm
Maria João Brito de Sousa, 2006
*
Eu já morei nos longes de outros tempos,
Já enfrentei dragões, sendo moinhos,
E vi, com meus dois olhos, os caminhos
Que levam das mil glórias aos tormentos.
*
Morei em esconsas celas de conventos,
Conheci mil palácios, provei vinhos,
Travei batalhas, lavrei pergaminhos
Sem me render ao medo, aos desalentos.
*..
Ergui, da areia, as pedras de Gizé,
Morri mil mortes, matei outras tantas...
De tudo o que eu criei, perduram sonhos;
*
A humana condição é como a fé
Na estranha lucidez que nos comanda...
Surdos, mudos e cegos... mas risonhos!
*
Maria João Brito de Sousa - 15.08.2008 - 19.18h
Imagem - "Ensaio Sobre a Cegueira" , 103x73cm
Técnica mista
Maria João Brito de Sousa , 1999
O mundo tem direito, eu não o nego,
A qu`rer saber dos passos que vou dando,
Dos versos que já fiz e vou deixando;
São as contas de mim que ao mundo entrego...
Mas pretendo criar! Peço sossêgo!
Eu nada mais procuro e, não sei quando,
Hei-de partir, ainda procurando
As causas do meu estranho desapego...
Se o mundo quer saber, eu tudo digo;
A minha transparência é um abrigo
Por muito que penseis ser o contrário
Pois só canto o que sonho, o que vivi,
E, sendo deste mundo, eu ando aqui
Cultivando o meu próprio imaginário...
Maria João Brito de Sousa - 11.08.2008 - 16.05h
Imagem - "Mulher em Molho de Luar"
Pastel de Óleo (entre vidros)
Maria João Brito de Sousa, 1999
Soneto dedicado ao Poeta António Codeço que, agora mesmo, mo sugeriu, ao falar-me da hipótese de
escrever uma Autobiografia e à minha amiga Ligeirinha que com ele se sente identificada.
É o modelo vivo da desordem,
A descrição geral do desconforto,
Mas, apesar de parecer já morto,
Vive tal como os outros que se mordem.
Pouco ou nada lhe importa que discordem
Da sua estranha vida e, porque é "torto",
Já nem sequer procura abrigo ou porto
E despreza atenções dos que lhe acodem.
Que não ouse ninguém repreendê-lo!
Irado e já tomado de impaciência,
Pode mesmo chegar a destruir,
Mas, se esse alguém puder compreendê-lo,
Ele abre uma excepção e faz cedência
Do Adão que foi gerado em seu sentir...
Maria João Brito de Sousa - 10.08.2008
Imagem - "Escorço - Grande Pintora a Lápis de Cor"
(pormenor)
Maria João Brito de Sousa - 2007
Um abraço, um sorriso, um beijo breve,
Um poema a nascer desse momento,
Numa manhã que traz um novo alento
A quem, de tanto dar, já nada deve...
À força de sonhar, quem tanto escreve,
Alimenta de sonho o seu talento
E distribui depois esse alimento
Como se a própria dor lhe fosse leve
E nasce um novo dia, uma promessa,
Nessa flor de ideais que recomeça
Na estranha imposição da nova ideia
Na palavra engendrada - uma raiz -,
Floresce, desabrocha, é tão feliz
Quanto a força que a fez e que a norteia!
Maria João Brito de Sousa - 23.06.2008 - 12.26h
(Agora mesmo, directamente no post)
Imagem - Gestação Floral - 100x70cm
Pastel de Óleo e Acrílico - Maria João Brito de Sousa 1999
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