PENDE DO MEU ANZOL UM PEIXE VIRTUAL - Reedição
Gravura de Pieter Bruegel (o velho)
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PENDE
DO MEU ANZOL
UM PEIXE VIRTUAL
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Amo o azul do mar, o verde da planura
E quanto da lonjura alcança o meu olhar:
Serei escrava de um lar que no mar se procura
Enquanto esta loucura assim me cativar
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E, sem me rebelar, nem franca, nem perjura,
Ainda que imatura aceito este invulgar
Destino de varar um mar que só me augura
Os ventos da ventura em que hei-de naufragar...
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Ao longe, pedra e cal, brilha um velho farol,
Branco como um lençol que foi tecido em sal
E se me saio mal porque um raio de sol
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Derrete e faz num fole esta rota ideal
Na colisão plural dos estros sem controle,
Pende, do meu anzol, um peixe virtual!
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Maria João Brito de Sousa
15.06.2020 - 16.09h
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Soneto em verso alexandrino com rima duplamente encadeada
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