Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
FAÇAM DE CONTA QUE É A MENINA DA FOTOGRAFIA QUEM VOS ENCAMINHA PARA LÁ... A CAROLINA PRECISA MESMO DE VOLTAR A CUBA PARA DAR CONTINUIDADE AOS SEUS TRATAMENTOS.
Mudança. Era o tema proposto pela Fábrica de Histórias para esta semana, assim em jeitos de "ano novo, vida nova...". Pensa-se e repensa-se o significado da palavra. Nada. Nada de nada. Sente-se a palavra. Aqui as coisas mudam de figura. Afinal a sua vida, como todas as vidas, era composta por uma sucessão de mudanças...
Todos os dias, ao levantar, mudava o areão dos litters dos gatos, os jornais que forram as improvisadas gaiolas dos pombos, a ração dos gatos e dos cães... bem aí não se trataria exactamente de mudança. Poderia entender-se melhor como renovação...mas logo a seguir mudava a página do seu caderno para escrever um novo soneto. Às vezes dois, ou três, ou quatro... mudava a página do blog, pela mesmíssima razão. Mudava de roupa. Mudava de sapatos. Mudava.
Não brinques, Maria João! Não se trata desse tipo de mudanças e tu sabe-lo muito bem. Trata-se de uma mudança radical. Uma mudança daquelas que mudam as próprias mudanças e as suas prioridades. Doze coisas. Doze pontos que tu queiras mudar na tua vida. Repensa. (Re)sente. Olha para trás! Deixa de ser palerma, de uma vez por todas! Atira com doze aspectos da tua vida que tu queiras mudar!
- Caramba! E se eu gostar de mim, assim como sou? E se eu não quiser mudar?
- Toda a gente quer mudar. Faz um balanço do que tens...
- E a que preço?
- Preço? Quem falou em preço?
- Eu. Tudo se paga, nesta vida. Com ou sem intermediários directos ou indirectos, todas as acções de mudança irão sacrificar estatutos, afectos, construções que não foram ainda terminadas.
- Estás a desconversar. Fala-se aqui de mudança! Mudança para melhor. Mudança de situação...
- Pois! Não existe mudança de situação sem que antes tenha havido mudança de atitude.
- Então muda de atitude!
- Mas a minha atitude não é condenável...
- Continuas a desconversar. Não estamos a falar de Ética...
- Pensas tu... pensas tu que não estás a falar de ética, mas estás. O que me sugeririas?
- Sei lá... uma viagem!
- Não gosto!
- Como não gostas? Não existe ninguém que não goste de viajar!
- Ah, existe, existe! E mesmo que não existisse ninguém, existiria eu...
- Não sabes senão desconversar?
- Não sei senão dizer a verdade.
- Uma vida menos miserável, não? Não me vais dizer que não gostarias de ter uma vida com menos dificuldades materiais...
- Claro que sim... mas eu tenho trabalhado muito e uma vida menos miserável deveria ser o fruto natural de todo este trabalho.
- Mas não foi, vês?! E agora... queres ou não queres mudar?
- Deixar de trabalhar?
- Trabalhar de outra maneira...
- Não sei trabalhar de outra maneira. Não sei senão empenhar-me e dar o meu melhor.
- Então o teu melhor não presta!
- Talvez, mas é o meu melhor. O meu pior também deve existir, claro. É ele quem anda por aí a justificar o meu melhor. Não quero investir nele.