Maria João Brito de Sousa
Vieste tu, sarcástico e soturno,
Com essas mãos terrenas, maculadas,
Impor-me o teu amor de horas marcadas,
Claramente insolúvel e nocturno.
Não sei que madrugadas me chamavam,
Que, embora alvoroçada, desprezei
As tuas mãos terrenas e sem lei,
Mas sei que as minhas mãos se interrogavam;
Que lonjuras, que estradas lá virão?
Que abrigos, que caminhos, que desnortes
Te esperam nessas mãos que te procuram?
Eu escutei-as a elas, mas tu não…
E que me importa a mim que tu te importes
Se as palavras das mãos em mim perduram?
NA FOTO - Os meus cinco anos, na varanda da avó Maria Augusta, com a Nice.
publicado às 11:55
Maria João Brito de Sousa
Eu escrevo Poesia. Não duvidas,
Decerto, do papel que desempenho,
Tão claro quanto o esboço de um desenho
Que pode melhorar algumas vidas.
Vou convocando as almas mais perdidas
- ou tento, pelo menos… - porque tenho
Tarefas que me deram de onde venho
E sinto que terão de ser cumpridas.
Ainda me não crês. Como Tomé
Precisas de tocar, de ter nas mãos,
Não entendes o que é ser-se escritor…
Poemas, afinal, são como a fé;
Importantes, p`ra uns, p`ra outros, vãos.
Mas experimenta, então, fazer melhor...
IMAGEM - Os meus quatro anos. Ao meu colo, um dos filhos da Nice, a Fox Terrier da avó Maria Augusta.
publicado às 11:51
Maria João Brito de Sousa
Aonde quer que eu vá, tu vais também;
De forma incoerente, inevitável,
Poesia, num dueto incontornável
De um sonho que nos leva sempre além…
Não é fácil de crê-lo, eu sei-o bem,
Porque este “casamento”, sendo estável,
Será, pr`a muitos, inimaginável
E, para condenar, há sempre alguém,
Mas, julguem ou não julguem, a verdade
É que a nossa inegável amizade
Não se deixa abalar e permanece.
Unas, inseparáveis, partilhamos
Corpo, alma e gestação, quando criamos
Como se a criação nos precedesse…
Maria João Brito de Sousa - 04.12.2009 -11.50h
publicado às 11:50