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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
01
Jan24

NO POEMA - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

Maria João Brito de Sousa

pinterst butterflies.jpg

Imagem Pinterest enviada para o meu endereço electrónico

*

 

NO POEMA

Coroa de Sonetos

Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa
*


1.
*

No poema as palavras é que mandam

Nas vias que percorrem a cantar

Às vezes fogem, voam para o mar

Correndo pela areia e por lá andam
*


Como aves voejam e cirandam

Baixinho, sobre as ondas, pelo ar

Entoam melodias de encantar

E nessas belas árias nos demandam
*


Palavras entoadas, sol poente

Teu regaço, maresia envolvente,

E os teus olhos amados em redor
*


Cantigas lá ao longe, melopeia

Enredo a surfar como sereia

Palavras só palavras só de amor
*


Custódio Montes

(Do seu livro "Em Maio")
***

2.
*


"Palavras só palavras só de amor"

Mas tantas formas há de amor sublime

Que às vezes esse amor em dor se exprime

Se o mundo grita e sangra em seu redor
*


E pode lá haver amor maior

Do que o que nos perdoa e nos redime

Pois nem uma palavra nos suprime

Quando nos rebelamos contra a dor?
*


Palavras revoltadas que explodindo

Fazem por acordar quem está dormindo

E dar ouvido ao surdo e vista ao cego,
*


Que fazem eco sem mostrarem medo

De exporem a crueza e o degredo...

Palavras? Mesmo amargas, nunca as nego!
*

 

Mª João Brito de Sousa

30.12.2023 - 20.00h
***

3.
*
“Palavras? Mesmo amargas, nunca as nego!”

Que palavras são vida e salvação

Às vezes há palavras sem razão

E outras que, bem ditas, dão sossego
*

Palavras no poema eu emprego

Que trazem o amor no coração

Às vezes de tristeza elas serão

Confesso tudo isso não o nego
*

Mas sem uma palavra de conforto

Para levar a vida a um bom porto

De incentivo, de força, de coragem
*

Que seria de nós e do viver?

Usar palavras certas tem que ser

E com elas mandar linda mensagem
*

Custódio Montes
31.12.2023
***

4.
*
"E com elas mandar linda mensagem"

Será sempre possível como quem

Saúda alegremente o que lá vem

Depois de regressar de uma viagem
*


E ainda que só venha de passagem,

Seja parente ou seja um Zé-ninguém,

Uma palavra amiga cai tão bem

Como um voto de esp`rança e de coragem...
*


Sim, há lugar pra tudo o que se sente:

Se todas as palavras são semente,

Até as mais singelas darão fruto
*


Mas deste chão convulso e violento

Quem espera frutos de contentamento

Se meio mundo sofre e está de luto?
*


Mª João Brito de Sousa

31.12.2023 - 14.15h
***

5.
*
“Se meio mundo sofre e está de luto"

O sofrimento existe em todo o lado

No bom, no mau, no triste e deserdado

Até no importante e resoluto
*

Da árvore provém sempre o seu fruto

Mesmo com tempestade e com tornado

Depois vem a bonança e o verde prado

O tempo soalheiro, o tempo enxuto
*


E tudo da palavra nos provém

Amor, contentamento, a nossa mãe

Raiz da nossa vida e nosso amor
*


Contentes, descontentes ou risonhos?

No meio das palavras há os sonhos

As rosas, malmequeres, toda a flor
*

Custódio Montes
31.12.2023
***

6.
*
"As rosas, malmequeres, toda a flor"

Nos sugere um momento de alegria

E o poema surge em sinergia

Com tudo o que floresce em derredor
*


Mas quando em vez da flor floresce a dor

De uma aflição, de um grito de agonia,

Pode o poema entrar em sintonia

Com esse sofrimento, esse clamor...
*


No meu poema há espaço para o riso

E para o grito quando for preciso

Dizer: - Basta de guerra e de martírio!
*


E às vezes chorarei - ninguém me impeça! -,

Pra saudar uma vida que começa

A abrir-se ao mundo como um branco lírio...
*

 

Mª João Brito de Sousa

31.12.2023 - 19.20h
***

7.
*
“A abrir-se ao mundo como um branco lírio”

Que é vida o nascimento da criança

Um membro de família que se alcança

Um gosto, uma alegria, um delírio
*


Uma cor que o ornamenta, cor porfirio

Que depois se normaliza com pujança

Pequeno mais crescido com mudança

Uma graça concedida, não martírio
*


A palavra moldada é já normal

Não vai buscar a rima ornamental

Que a branca cor de lírio clareou
*

E termina a fazer festas com mimo

À criança que gerei e muito estimo

Que afago com carinhos que lhe dou
*


Custódio Montes
31.12.2023
***

8.
*

"Que afago com carinhos que lhe dou"

E eu sinto-me afagada só de olhá-la,

Que a voz pode tremer-me mas não cala,

Nem a palavra esconde o que a tocou
*


E se o poema estático ficou,

Logo se transfigura e se ergue e fala,

Sobe em sonoridade e rompe a escala

A que a velha rotina o condenou...
*


Uma visão terna e tão tocante

Confere eternidade ao breve instante

E fica-nos cá dentro a vida inteira
*


Que uma vida que nasce e permanece

É um milagre que jamais se esquece

Se a palavra que o narra for certeira!
*


Mª João Brito de Sousa

31.12.2023 - 23.39h
***

9.
*
“Se a palavra que o narra for certeira!”

Mas há imensas formas de o dizer

Porque se a rima certa se perder

O poema nasce torto e sem maneira
*


É difícil apenas a primeira

Mas dando um toque logo a condizer

A palavra aparece com prazer

E a rima surge então à sua beira
*


A palavra que deixo a final

É palavra escolhida e normal

Não palavra com muita raridade
*


O poema sorri e agradece

Que a palavra final bem o merece

Porque à rima não traz dificuldade
*


Custódio Montes
1.1.2024 (à entrada do ano)
***

10.
*
"Porque à rima não traz dificuldade"

A palavra final fica contente

E passa o testemunho antes que a gente

Ceda ao soninho bom que nos invade...
*


O Novo Ano entrou sem novidade:

Quase não dei por el`, sinceramente!

Não se cobrisse o céu da incandescente

Luz dos eternos fogos, na cidade,
*


E não se enchesse a casa de estrondosas

Crepitações sonoro/luminosas,

Talvez eu já dormisse a sono solto...
*


Assim respondo embora tacteando

Cada letrinha que me vai fintando

E me afronta afirmando: - Já não volto!
*


Mª João Brito de Sousa

01.01.2024 - 01.50h
***

11.
*
“E me afronta afirmando - já não volto!”

Mas isso é o que ela pensa porque a maga

O gesto que ela tenta lho embarga

E a obriga com jeito e amor envolto
*


E a palavra que dorme a sono solto

Em sonhos vem de Oeiras até Braga

Sem dar conta que o sonho aqui a traga

Nem mostrar qualquer gesto ou ar revolto
*


A grande poetisa faz a lavra

Para a ribalta traz cada palavra

E ela ao acordar e sem estorvo
*


Até dança no chão sobre tapetes

Relembrando a festa e os foguetes

Na passagem do velho ao ano novo
*

Custódio Montes
1.1.2024

***

12.
*

"Na passagem do velho ao ano novo"

Tanto tossi, de tal forma espirrei,

Que ao próprio foguetório ultrapassei

Em decibéis, quase assustando o povo...
*


Ao confessá-lo, aqui, não me promovo,

Pois na verdade até me envergonhei:

Espirrei, tossi, espirrei, tossi, espirrei...

A tão estrondosa gripe, eu não a aprovo!
*


Agora ainda espirro, ainda tusso,

Tudo isto lhe confesso sem rebuço

Que a culpa é deste vírus traiçoeiro
*


Que quis passar comigo o "réveillon"

Ainda que não seja de bom tom

Estragar-me este primeiro de Janeiro...
*


Mª João Brito de Sousa

01.01.2024 - 13.30h
***
13.

*
“Estragar-me este primeiro de Janeiro”

Bem queria mas isso eu não deixo

Posso ser preguiçoso com desleixo

Mas sou fixe e um belo companheiro
*


Porém, agarrado, interesseiro,

Sou pensativo, atento, a mão no queixo

No meio das palavras eu me enfeixo

E um amigo seu a tempo inteiro
*


Termino meu poema, não engano

Termino mas desejo um feliz ano

Para dar-lhe a palavra para o tema
*


Fechará a coroa com certeza

Com arte, com encanto e com beleza

E porá mais palavras no poema
*

Custódio Montes
1.1.2024
***

14.
*

"E porá mais palavras no poema"

Ficando este Ano Novo enriquecido

Por uma c`roa que o terá vestido

Co`a graça e a riqueza do fonema
*


Que de ora avante será seu emblema

E também nosso, que havemos polido

Letra após letra o festim prometido

Onde a palavra brilhará qual gema
*


Mas nós, os que a palavra trabalhamos,

Jamais destas palavras fomos amos:

Rebeldes, voam alto e nunca abrandam
*


Fazendo-nos, aos dois, ir atrás delas

Pra, com cuidado, podermos colhê-las:

"No poema as palavras é que mandam"
*


Mª João Brito de Sousa

01.01.2024 - 16.00h
***

 

 

 

 

19
Jan18

PALAVRAS

Maria João Brito de Sousa

 

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PALAVRAS





Eu gosto de palavras que se enlaçam

Em frases simples, ou versos floridos,

Desde que, entrelaçadas, satisfaçam

Os ritmos que lhes sejam requeridos,



Quer nuas e selvagens quando passam,

Quer com mantos opacos por vestidos,

Que nas voltas que dêem, se se abraçam,

Falem tanto à razão quanto aos sentidos.



Colho-as ao fim da tarde, ou bem cedinho,

Conforme o propicie o descaminho

Por onde me conduzam tempo e espaço



E a elas me confio enquanto possa

Lembrar que, quando fui menina e moça,

Quase ousei desistir das que hoje abraço.





Maria João Brito de Sousa – 18.01.2018 -18.12h

 

15
Jun09

SOLTAR AS PALAVRAS

Maria João Brito de Sousa

 

Já emendei

 

PEDIDO DE DESCULPAS - Suponho que tenha havido um mistério qualquer - que pode muito bem ser fruto da minha proverbial distracção crónica - com o penúltimo verso da última estrofe deste soneto. Talvez o nosso batráquio tenha engolido algumas palavras  só para me contrariar... sei lá... já emendei. Melhor, já soltei as palavras que tinham sido "sequestradas"...

 

Soltemos as palavras sem  fronteiras

Com o fogo, o calor de uma paixão,

Com criatividade e correcção

Mas sempre genuínas, verdadeiras.

 

Palavras. Mil palavras prisioneiras

Esperando o mundo livre da ficção

Ou, tão-somente, a simples descrição

De um momento de fugas derradeiras.

 

Soltou-se uma palavra e mil se seguem

Imparáveis, libertas, contundentes,

Mas sempre susceptíveis de leitura…

 

Pessoais pois são elas que nos medem

Quando em nós se tornarem mais urgentes,

Mais ricas, mais fluidas e mais puras.

 

                                                                                                                         Imagem retirada da internet

 

 

02
Fev09

QUANDO A VOZ MORRER

Maria João Brito de Sousa

Escrevendo em gestação acelerada,

Não sei se é mau ou bom isto que sinto...

Só sei que nem eu mesma me consinto

Frear-me nesta escrita... e estou cansada!

 

Mas, se morrer assim, vou consolada!

Dizendo o que já disse eu não vos minto!

O que aqui escrevo e deixo, é puro instinto...

Impõe-se e não lhe posso fazer nada!

 

Talvez o corpo, em queixa, se revolte,

Talvez um destes dias já não volte

A pegar na caneta e a escrever...

 

O que lhe hei-de fazer? É o destino...

E nascem-me as palavras como um hino

Que só se esgota quando a voz morrer!

 

 

 

Imagem retirada da internet

 

 

NOTA - Abri a porta do http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/

para que possam ver que finalmente "peguei" nos desafios atrasados. Estes são da Maria e do Vitor...

amanhã tentarei continuar a publicar os prémios que estão em "lista de espera"... façam o favor de entrar e levar o que é vosso...

 

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