Maria João Brito de Sousa
BOA PÁSCOA
(2018)
Faz vento, morde o frio e ruge o mar,
Mas é já tempo da renovação
Que Ostera nunca deixa de engendrar
Nos campos que incendeia de paixão,
Na vida, que começa a despontar,
No gesto que se rende à compulsão
De ver, de abrir os olhos, de acordar
Pra receber a nova geração.
Que esse futuro seja bem mais justo,
Que a chama seja mera alegoria
E nos não traga morte, horror e susto,
Que não sucumba a Vida na agonia
De tão caro pagar seu próprio custo
E que, de vez, se esmague a tirania!
Maria João Brito de Sousa – 30.03.2018 – 08.56h
publicado às 09:40
Maria João Brito de Sousa
Se é neste ir e voltar que me desgasto
E continuo a ser um astro errante,
Meu tempo de viver é neste instante
Pois morrerei na luz deste meu rasto.
Quanto mais se aproximam, mais me afasto,
Sempre em busca de um sol menos distante;
Ó minha velha espada, ó Rocinante!
(Dulcineia sou eu, que a mim me basto...)
E venham mil gigantes disfarçados
De inócuas coisas, quase inofensivas,
Venham dragões soprando um bafo ardente,
Venham mais mil exércitos armados
Das armas mais letais, mais punitivas...
Já nada existe aqui que me afugente!
Maria João Brito de Sousa - 31.03.2010
Uma Páscoa Feliz para toda a blogosfera!
publicado às 14:56
Maria João Brito de Sousa
Recordo a nostalgia dos "talvez"
Na clara incompletude dos convénios
E afogo a lucidez de muitos génios
Na minha insustentável pequenez.
Senhor que há tantos anos foste a rês
- tantas horas, Senhor, em dois milénios... -
E eu, na solidão dos meus decénios,
Contando o dia-a-dia a cada mês...
Reduzo a simbolismos de fachada
A estranha, imensa, sede que me deste?
Ou, mais teimosa ainda, eu sigo em frente?
Sei bem que nada sei (ou quase nada...)
E espero o tempo ardente, a hora agreste,
Na absurda condição de ser semente.
Maria João Brito de Sousa - 12.04.2009
Imagem retirada da internet
publicado às 12:00
Maria João Brito de Sousa
Renasço à luz do sonho vertical
E o mundo é esse instante eternizado
Em cada verso escrito aqui deixado
No rasto da palavra intemporal...
Relâmpago, partícula, segundo,
Este viver por cá... e, no entanto,
A vida continua a ter encanto
Enquanto se propaga pelo mundo...
A cada madrugada o dia nasce
E ressuscita em nós esta alegria
De aqui permanecer, de aqui morar,
Pois reconstrói-se o ser, o sonho faz-se
E eis, desse amanhã, a utopia
De onde nos recomeça o caminhar...
Maria João Brito de Sousa - 23.03.2008 - 11.33h
Domingo de Páscoa
publicado às 11:33