NOS MEUS VERSOS, NOS TEUS DEDOS...
NOS MEUS VERSOS, NOS TEUS DEDOS...
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Nas aves que se soltam dos teus dedos
E pousam nos meus versos de poeta
Sondando e desvendando os seus segredos
Na sua intimidade mais secreta,
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Nesse seu dedilhá-los, loucos, ledos,
Quando bem me sabiam ser discreta,
Devolvem-me antiquíssimos folguedos
E, por momentos, deixam-me completa.
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Sondam-mos verso a verso, toque a toque...
Porquê fugir-lhes quando, não fugindo,
Mais versos nascerão sem que os convoque?
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E por que não frui-los se, fruindo,
Mais rica fico? E basta que os evoque
Pra mais e mais humana me ir sentindo.
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Maria João Brito de Sousa - Março, 2016
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In A CEIA DO POETA - (inédito)
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Imagem - O meu pai, no seu escritório da casa de Algés,
fotografado pela minha mãe. 1950