28
Out22
NA ENXURRADA
Maria João Brito de Sousa
ico
NA ENXURRADA
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Nas veias do tempo, correm vida e morte,
Ambas em desnorte e ao sabor do vento
E ouve-se um lamento, ora suave, ora forte,
Conforme o recorte do seu sofrimento...
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Arde em fogo lento sem que alguém se importe
Esse que anda à sorte por não ter sustento
E eu que o não fomento, nem lhe sou consorte,
Dar-lhe-ei suporte? Não posso, mas tento
*
Já que me apresento pra representá-lo
Porque de si falo tendo eu quase nada
E se, despojada, não posso ajudá-lo
*
Posso bem escutá-lo e senti-lo, magoada...
Vou na enxurrada, não posso evitá-lo,
Mas porque o não calo, não morro culpada.
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Mª João Brito de Sousa
28.10.2022 - 10.00h
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