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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
03
Mar21

MOIRA(S) - Coroa de Sonetos

Maria João Brito de Sousa

mitologia-moiras.jpg

MOIRA(S)
*

(Mitologia Grega)
*

 

Não são parcas, as Moiras, no seu zelo;

Fiam, tecem e cortam noite e dia

Sem se cansarem da monotonia,

Sem se esquecerem de nenhum novelo
*


Desponta o fio e logo irão tecê-lo

Com mão que sabiamente doba e fia,

Senhoras da tristeza e da alegria

Dos dias mais magoados e mais belos.
*


No fim, uma das Moiras corta o fio

Das luas e dos sóis de cada vida;

Só essa determina o fim de um rio,
*


Só essa indica a hora da partida;

Ela é quem sela o poderoso trio

Ante o qual Zeus recolhe a espada erguida.

*

Maria João Brito de Sousa - 27.02.2021 - 12.00h


`***

2

Ante o qual Zeus recolhe a espada erguida.

E as mouras poderosas com seu tino

Dispunham do humano e seu destino

Cada uma com seu poder ungido

*

Três irmãs poderosas, sem ruído

Decidiam a vida e o sentido

Do futuro por elas escolhido

Ou mal ou bem conforme o preferido

*

Eram más, eram feias, rancorosas

Sem dizer investiam poderosas

Para o bem mas mais vezes para o mal

*

O homem e a mulher eram usados

Pelas Mouras. E todos dominados

Que nem Zeus intervinha em seu final

*

Custódio Montes
***


3.

*

"Que nem Zeus intervinha em seu final"

Pois sendo ao seu mau-génio invulneráveis,

Olhavam-no do alto, as respeitáveis

E altivas tecelãs de Bem e Mal
*

Que um e outro teciam por igual,

Já que um do outro não são separáveis...

Não as concebo feias e execráveis,

Mas construtoras de algo que é fatal*
*


Já que eram elas quem assegurava

Que a vida por aqui continuava

A nascer, a crescer e a morrer...
*

E Zeus, que era tirano, bem sabia

Que sem Moiras nem ele existiria,

Pois mesmo um deus precisa de viver...
*


Maria João Brito de Sousa - 27.02.2021- 18.22h
*

*Fatal, do latim Fatum = fado/destino
***

4.
*

“Pois mesmo um deus precisa de viver...”

E tinha que se pôr bem à tabela

Que podiam armar-lhe uma esparrela

Impotente, ele, Zeus, nada fazer.
*

Que elas, combinadas, com poder,

Dominam a andar na passarela

E lançam para a frente a que é mais bela

E ele langoroso fica a ver
*

As Moiras fazem truques fabulosos

Os fracos sem poder e os poderosos

São todos dominados de seguida
*

São elas que comandam, congeminam

Só elas mais ninguém é que dominam

São elas que comandam toda a vida
*

Custódio Montes

(27.2.2021)
***

5.
*

"São elas que comandam toda a vida"

Sem terem a noção de mal ou bem;

A morte vem porque à vida convém

Que se renove a coisa envelhecida.
*


É apenas humana, a dor sentida

Quando da vida se despede alguém,

Mas não sabem, as Moiras, quem lá vem,

Nem conhecem quem esteja de partida...
*

São neutras e limitam-se a cumprir

O que a si próprias terão de exigir

Já que nem Zeus as pode controlar
*


E são a pura essência do destino

Que, com a inocência de um menino,

Cria um brinquedo só para o quebrar.
*


Maria João Brito de Sousa - 27.02.2021 - 23.00h

(a estas horas, não sei como consegui, mas consegui!!!)

***

6.
*

“Cria um brinquedo só para o quebrar”

E dobra e redobra como quer

A vida e sorte de homem e mulher

Nas penumbras que passam pelo ar
*


E de repente mudam seu olhar

Alternam como querem seu poder

E levam a fortuna ou o perder

A quem era feliz e vai penar
*


As longas unhas duma vão ferir

O cerne dum humano que ao sentir

O tudo que antes tinha fica em nada
*


Os grandes dentes doutra comem tudo

A terceira de gorda e bojuda

Completa a grande força irmanada
*

Custódio Montes

(28.2.2921)
*

7.
*

"Completa a grande força irmanada"

Que inconsciente de fazer sofrer,

Nos confere a certeza de, ao nascer,

A espécie humana ser perpetuada.
*


Assim os gregos davam por explicada

Esta estranha aventura de viver,

Que as Moiras, muito mais do que PODER,

Simbolizam a VIDA renovada.
*


Uma pega num fio, vai-o fiando,

A outra mais não faz que i-lo dobando

E a outra vem cortá-lo, sem maldade,
*


Porque esse corte à vida é necessário...

Quem poderá dizer que isto é contrário

Ao que se passa na realidade?
*


Maria João Brito de Sousa - 28.02.2021 - 12.57h
***

8.
*

“Ao que se passa na realidade?”

Sim, porque o povo grego bem sabia

Que a vida era terrena dia a dia

E as Moiras traduziam a verdade
*

Que elas é que teciam em irmandade

Cortavam e mantinham com mestria

O fio condutor, paz e alegria

Que em si constituía a sociedade
*

Se o fio condutor era cortado

O sopro duma vida era apagado

E nisso as Moiras tinham opção
*

Noutras continuavam a tecer

E davam mais um tempo ao viver

Como é toda a nossa condição
*

Custódio Montes

(28.2.2021)
***

9.
*

"Como é toda a nossa condição"

De humanos imperfeitos e mortais

E, tal qual como os outros animais,

Produto de uma mesma evolução.
*


Ascendendo à consciencialização,

Que a nós nos coube e a todos os demais

Humanos (mais ou menos...) racionais,

Cabe-nos entender que essa Razão
*


Que rege os predicados naturais,

Se a solo, produz coisas maquinais;

Exequível não é, sem Emoção!
*


Tecem as Moiras as vidas actuais,

E as de todos os nossos ancestrais,

Segundo o Mito Grego, sem paixão...
*


Maria João Brito de Sousa - 28.02.2021 - 16.11h
***

10.
*

“Segundo o Mito Grego, sem paixão...”

Mas isso era dantes porque agora

Sendo o mesmo processo que vigora

Já não subsiste o Mito como então
*


O Mito deu lugar à precisão

E temos cientistas mundo fora

Que estudam estas coisas hora a hora

Firmando-se o saber da evolução
*

Para nós esse Mito ainda serve

Para ver o poder que a Moira teve

E dar o fundamento à poesia
*

Aos deuses nós dizemo-lhes adeus

Às Moiras e ao seu colega Zeus

Ao seu saber e à sua fantasia
*

Custódio Montes

(28.2.2021)
***

11.
*

"Ao seu saber e à sua fantasia"

Rendo-me toda inteira quando penso

Quanto este velho mito tem de imenso

Conquanto seja só simbologia...
*


A própria Ciência reconheceria

Que o que o mito revela, por extenso,

É algo bem real, nada pretenso,

Que corresponde ao nosso dia a dia.
*


Claro está que nos vem da antiguidade

E, se levado à letra, é inverdade,

Mas a mensagem nunca caducou;
*


Somos fio que desponta e que é dobado

Pra ser, logo a seguir, recambiado

Lá para o "não-sei-quê" de onde brotou...
*


Maria João Brito de Sousa - 28.02.2021 - 19.23h

***

12.
*

“Lá para o "não-sei-quê" de onde brotou...”

Eu nunca neguei tal filosofia

Nem o que as Moiras tinham de mestria

Apenas que o Mito já passou
*

E que a ciência foi ao que encontrou

Investigar a luz que esclarecia

O que o Mito então já conhecia

E que com tal saber se avançou
*

O saberes que os gregos nos deixaram

Ainda se mantêm e lá ficaram

Para evoluir todo o saber
*

E criaram ainda eles o Mito

As Moiras, também Zeus, ficando escrito

O que a ciência foi lá depois ler
*

Custódio Montes

(28.2.2021)
***

13.
*

"O que a ciência foi lá depois saber"

Indicia que o mito é o começo

Daquilo que na ciência reconheço

Como caminho certo a percorrer.
*


Ressuscitei o mito, sem esconder

Que é sempre pela ciência que me meço

E as Moiras foram simples adereço

Com que esta Coroa se quis guarnecer...
*


Contudo, há teses de doutoramento

Que exigem estudos e discernimento,

Sobre o Mito que eu trouxe à colação
*


Por culpa de uma musa inexistente

Que me falou das Moiras num presente

Que fez dos mitos fósseis da razão...
*


Maria João Brito de Sousa - 01.03.2021 - 09.28h
***

14.
*

“Que fez dos mitos fósseis da razão”

E talvez eu pecasse ao vir trazer

À colação ciência e meter

Esta conversa a pôr tanto travão
*

A esta oportuna discussão

Sobre o valor das Moiras e sem ver

A enorme importância e o saber

Que deram à ciência e ainda dão
*

E para terminar faço justiça

Para dizer e assim trazer à liça

O trabalho das Moiras e dizê-lo
*

Passo a passo, com força criativa,

Mostrando-nos a luz da morte e vida,

“Não são parcas, as Moiras, no seu zelo”
*

Custodio Montes

(1.3.2021)
***

 

Imagem retirada daqui

27
Fev21

MOIRA(S)

Maria João Brito de Sousa

as três parcas.jpg

MOIRA(S)
*

(Mitologia Grega)
*

 

Não são parcas, as Moiras, no seu zelo;

Fiam, tecem e cortam noite e dia

Sem se cansarem da monotonia,

Sem se esquecerem de nenhum novelo
*


Desponta o fio e logo irão tecê-lo

Com mão que sabiamente doba e fia,

Senhoras da tristeza e da alegria

Dos dias mais magoados e mais belos.
*


No fim, uma das Moiras corta o fio

Das luas e dos sóis de cada vida;

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*


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Ante o qual Zeus recolhe a espada erguida.

*

Maria João Brito de Sousa - 27.02.2021 - 12.00h

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