A CADA FARINHA, SUA SACA
“Não tentes comandar-me. Eu vou sozinha!”
Entendo-te a surpresa; não conheces
O exacto teor das minhas preces
Nem aceitas que a escolha seja minha…
Põe sempre em cada saca uma farinha
Senão, mais valeria que as perdesses
Ou que as não cozinhasses nem comesses
Porque a mistura é sempre uma adivinha;
Quase nunca uma espiga dá um grão
Que seja exactamente igual a outro,
Pois mesmo sendo grãos de um mesmo trigo,
Pode um servir pr`a bolo, outro pr`a pão…
Não queiras misturar pois, se és tão douto,
Decerto o teu estará bem dividido…
Maria João Brito de Sousa
"Materialisme et spiritualisme sont les deux pôles de cette même absurdité qui consiste à croire que nos pouvons savoir ce que c`est la matière ou que l`esprit."
Huxley