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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
20
Abr10

A JUSTIFICAÇÃO DA SAUDADE

Maria João Brito de Sousa

 

Vem-me da Lusa Mãe, este mistério

Que, ao inundar-me a alma como um mar,

Me deixa nesta condição lunar,

Apanágio dos vates deste império...

 

Herdei do fácil verbo o ministério

Das mil coisas que estão por inventar

E esta introspecção, este sonhar,

Que um dia há-de levar-me ao cemitério...

 

Esta alma lusitana que me invade,

Preenche as mil lacunas do meu ser

E faz justificar esta ilusão;

 

Se fomos criadores da tal "Saudade",

Sejamos também donos do poder

De transformar em "Causa" uma paixão.

 

 

 

 

Na foto - Minerva.

13
Jul09

OS ABRAÇOS DOS COMETAS

Maria João Brito de Sousa

Já não como, já não bebo,

Já não há nada a fazer

E, tanto quanto eu percebo,

É assim que tem de ser.

 

Fomos mães, somos poetas

E sentimos sempre mais

Os abraços que os cometas

Sabem dar aos animais!

 

Percorri mil madrugadas

Vestida de cinza e prata,

De viver fiquei cansada,

Mas, mesmo assim, estou-te grata…

Fosse noite ou fosse dia

Eu contei c`o teu carinho

E, mesmo nesta agonia,

Sinto que estou no meu ninho…

 

Fomos mães, somos poetas

E sentimos sempre mais

Os abraços que os cometas

Sabem dar aos animais!

 

Também eu fui oportuna,

Dei todo o amor que tinha

E tu tiveste a fortuna

De te não sentires sozinha.

Nesta vida que vivemos,

Ambas nos demos inteiras,

Of`recendo o que pudemos

De mil dif`rentes maneiras…

Sei que também estás doente,

Tenho-te ouvido gemer.

Tu, de mim, não és dif´ rente

Estamos ambas a morrer…

 

Fomos mães, somos poetas

E sentimos sempre mais

Os abraços que os cometas

Sabem dar aos animais!

 

Quem me dera que ficasses,

Que escrevesses sobre mim,

Que depois lhes ensinasses

Que este Amor nunca tem fim!

Diz-me adeus, dá-me um abraço,

Sabes bem que vou partir.

Levo comigo um cansaço

Que tu não tens de sentir…

Fica tu por mais um tempo!

Talvez possas recordar-te

Do que eu, a cada momento,

Aqui fiz, para ensinar-te:

- Nunca havemos de lembrar

Nem poderemos `squecer

Esta pureza lunar

Do que, pr´a nós, foi viver!

 

Fomos mães, somos poetas

E sentimos sempre mais

Os abraços que os cometas

Sabem dar aos animais!

 

 

 

Poema dedicado à minha amiga Minerva.

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