GLOSANDO VITOR CASTANHEIRA
QUE DESALENTO…
(DURA REALIDADE)
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Em ruelas estreitas vão caindo:
Casas muito velhinhas sem ninguém
Como o tempo as matou, tudo fugindo
Veem-se uns velhos sós aqui e além
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Nessas casas de pedra sem telhado
As portas e janelas já sumiram
Também já pouco resta do sobrado
Hoje apenas recordo os que me abriram
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Com um sorriso a porta sem receio
Of’recendo bom queijo e pão centeio
Mostrando a mais humilde das ternuras
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Com cuidado subi desfeita escada
As silvas a tornaram enfeitada
Onde subiram tantas almas puras.
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ARIEH NATSAC
(Vitor Castanheira)
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SORTILÉGIO
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"Onde subiram tantas almas puras"
Voltarão a subir, se puras forem,
Outras almas forjadas nas agruras,
Caso as lembranças nelas se demorem
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E se o dia chegar em que as lonjuras
Dos anos que passaram as devorem,
Sobrarão as memórias que descuras
Pra consolar as almas qu`inda chorem...
*
Brotarão novas plantas das ranhuras
Pra que as velhas escadas se decorem
De aromas e de seiva e de verduras
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Que, na renovação, se comemorem
Com chaves a rodar em fechaduras
Surgidas do que as musas nos implorem.
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Mª João Brito de Sousa
08.09.2023 - 00.30h
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