Maria João Brito de Sousa
Quanto o luar me oferece, em dividendos,
Tanto eu irei cantar, durante o dia!
Desconstruída, eu lanço mil remendos
Sobre os rasgões de mim que antes não via…
Renasço em cada flor dos aloendros
Reassumindo, enquanto alegoria,
Os despojos da carne dos meus membros
No dealbar de cada melodia…
É por vezes subtil, esta diferença
Entre o rebelde e a sua submissão
À estranha metafísica da vida
Mas, quem pode dizer que isto é doença?
Pr`a mim é mais um passo, outra incursão
Numa aparência apenas pressentida…
Maria João Brito de Sousa
publicado às 12:03
Maria João Brito de Sousa
“Tem asas pr`a voar!”, pensava então,
Considerando o Espaço Virtual…
Depois tomei pr`a mim quanta ilusão
Surgira desse Espaço e, afinal…
Esse Espaço tornou-se habitação
E, sempre que engrossava o seu caudal,
- fruto de uma imprevista reacção-
Cresciam-lhe umas asas de cristal…
Estas coisas da química da vida
Podem, por vezes, ser surpreendentes
E trazer-nos tão estranhos resultados
Como esta reacção tão desmedida,
Tão ímpar, talvez tão sem precedentes
Quanto as asas reais dos seres alados…
Maria João Brito de Sousa -12.07.2010 – 22.49h
publicado às 07:00
Maria João Brito de Sousa
Por vezes faz-me falta um quase-nada …
[que absurda sensação de quase-ausência
me devolve, inteirinha, à procedência
da raiz da memória antecipada?]
Um estranho quase-nada, é bem verdade!
Um algo indefinido, indefinível,
Que sendo bem real é intangível
Mas nada tem a ver com liberdade…
É algo por nascer! Algo incompleto,
Algo que ainda está por construir
Erguendo-se da sua incompletude
Como se fosse um corpo, um estranho objecto
Que, querendo ser, está quase a conseguir
E que não muda nunca de atitude…
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 11:31
Maria João Brito de Sousa
Nem eu sei, nem tu sabes, nem ninguém
Conhece, de si mesmo, o tal sentido
Que faz valer a pena ter vivido
Quando o que aqui se faz, se faz tão bem.
Trabalha-se, constrói-se e vai-se além
Daquilo que foi feito e concebido
Porque nenhum de nós terá esquecido
A força que, cá dentro, a vida tem.
Construir, ser feliz, ter liberdade
De sonhar como sonha a Criação
De tudo o que existiu e há-de existir;
É essa a verdadeira felicidade
Que move cada ser em gestação
E o único objectivo a perseguir.
"L`Art cèst un combat; dans l`art il faut y mettre sa peau..." Millet citado por Vincent Van Gogh.
publicado às 15:22
Maria João Brito de Sousa
Procuro a Luz e tudo o que encontrar
Ao longo desses passos que já dei
Será sempre essa luz que procurei
Pela simples razão de a procurar…
Quando a luz é razão p`ra caminhar,
Enquanto caminhar acenderei
A mesma luz que em mim antecipei
No preciso momento de a sonhar.
A luz é como estrada em construção,
É um nunca-acabar de passos dados,
É um nunca-encontrar que frutifica
Na nossa persistência. A condição?
Procurar, no futuro, os mil passados
Desse orbe intemporal que a justifica.
Imagem retirada da internet
Um apelo em http://mumbles.blogs.sapo.pt/ :)
publicado às 11:44
Maria João Brito de Sousa
Depois desta incerteza, que tristezas
Virão ainda perturbar-me o sono
Nas noites de luar deste abandono
Das caçadas e de outras incertezas?
Não quero os ideais de outras grandezas!
Repudio a ideia de ter dono
E só Deus, lá no alto, é meu patrono!
A Ele devo estes céus de horas acesas…
A Ele devo esta força que comanda,
A cada movimento, o meu caminho
E o pêlo de cetim com que me aqueço!
Por Ele esta existência, esta demanda
E a glória de reinar, sempre sozinho,
No espaço onde procrio e me abasteço!
Imagem retirada da internet
publicado às 11:54