O ESTUÁRIO II
Soneto nascido muito apressadamente na sequência do poema "Parava o Tempo", de Felismina Costa.
Permito-me transcrever os versos do poema que vieram a sugerir-me esta resposta;
..."... A sul, o rio correndo, é prata agora
E beija a cidade, enamorado…
Numa preguiça, numa dolência,
de quem sabe ter chegado! "...
O ESTUÁRIO II
Assim que chega à foz, o manso Tejo
Pressente o mar imenso, avança, então,
E, nessa correria, eu quase invejo
O abraço que, por fim, os dois darão...
Aí cresci, aí, onde os cortejo,
Nesse ponto onde os dois se encontrarão,
Na foz, nesse estuário em que revejo
Mil horas de infantil contemplação...
E enfrentam-se esses dois, que já mal vejo,
Num rude amplexo, em plena transgressão,
Onde há espumas e vagas, de sobejo,
Porque onde um quer passar, outro diz: - Não!
Mas passa o Tejo a mar num louco beijo
E o mar adentra um Tejo em convulsão...
Maria João Brito de Sousa - 28.01.2016 - 19.25h