PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA II
PREENCHENDO TEMPO(S) DE ESPERA II
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Podia ter vestido a seda antiga
que guardo no baú da minha infância,
mas vesti-me de chita que, à arrogância,
nunca a tive por musa, ou por amiga.
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Podia estar cantando outra cantiga,
mas não dou à aparência essa importância
e escrevo enquanto aguardo uma ambulância,
sentada num degrau, qual rapariga,
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E não qual velha dama atormentada
por vértebra dorida ou herniada,
pois mais pode um poema do que a dor.
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Assim, sobre mim mesma enrodilhada,
componho versos ao som da toada
da minha melodia interior.
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Maria João Brito de Sousa – 23.10.2018 – 18.15h
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No HSFX, aguardando a chegada do veículo de transporte de doentes não urgentes.