28
Jun20
EM ESTADO BRUTO
Maria João Brito de Sousa
EM ESTADO BRUTO
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Do sumo doce do mais doce fruto
Sacio a minha (in)saciável sede
No som que, silabado, se sucede
Ao sussurrado som que agora escuto.
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Mas se um verso me surge irado, hirsuto,
Soprando fúrias que mais ninguém mede,
Deixá-lo-ei rugir como me pede,
Que às vezes solto o verso em estado bruto.
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Nem sempre a razão tem supremacia
Sobre esta compulsão que o verso cria
Quando me guia nessa direcção
*
E verga-se a razão dando passagem
Ao verso que transborda e galga a margem
De todas as razões que há na razão.
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Maria João Brito de Sousa - 27.06.2020 - 15.04h