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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
12
Mar24

DESOLAÇÃO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

floresta de livros pint (3).jpg

Imagem Pinterest

*

DESOLAÇÃO
*


Choro quem parte e temo por quem fica:

Se a vida tem remédio, a morte não

E o mundo vai caindo em depressão,

Sem que se saiba tudo o que isso implica
*


Já que ao que tudo ou quase tudo indica,

Pouco nos deixa, esta devastação

Pr`além do rasto de desolação

Que diante de nós se multiplica
*


Como vírus que, entrando em mutação,

Corrói um mundo do qual não abdica

E lhe devora a carne feita pão.
*


Lá longe, ouve-se um sino que repica,

Uma voz que suplica a salvação

E outra que nega o que isso significa.
*


Maria João Brito de Sousa

03.03.2021 - 11.07h
***

07
Mar21

DESOLAÇÃO - Coroa de Sonetos -

Maria João Brito de Sousa

desolação.jpg

 

DESOLAÇÃO
*

Coroa de Sonetos
*

Maria João Brito de Sousa e Laurinda Rodrigues
***


1.
*

Choro quem parte e temo por quem fica;

Se a vida tem remédio, a morte não

E o mundo vai caindo em depressão,

Sem que se saiba tudo o que isso implica
*


Já que ao que tudo ou quase tudo indica,

Pouco nos deixa, esta devastação

Pr`além do rasto de desolação

Que diante de nós se multiplica
*

 

Como vírus que, entrando em mutação,

Corrói um mundo do qual não abdica

Ao devorar-lhe a carne feita pão.
*

 


Lá longe, ouve-se um sino que repica

E uma voz que suplica a salvação

Na ilusão do que isso significa...
*


Maria João Brito de Sousa - 03.03.2021 - 11.07h
***

2.
*

"Na ilusão do que isso significa"

percorro os calabouços da memória

tentando perceber de toda a história

o que substancialmente significa.
*

Recordo aquela força compulsória

que a nossa vida, ao nascer, fabrica

em rejeições que em toda a alma fica

perpetuando a submissão de escória.
*

Não! Não temos perdão em aceitar

que tais e tantos bichos tão fatais

tomem conta da perfeição da gente!
*

Será que já esquecemos os arrais

que apontam aos humanos qual o cais

aonde aportará espécie diferente?
*

Laurinda Rodrigues
*


3.
*

"Aonde aportará espécie diferente (?)",

Humana, sempre, e mais evoluída,

Mais justa para toda e qualquer vida

Que a não destrua quando lhe faz frente?
*

 

No futuro, mas nunca de repente,

Que a pressa é inimiga da subida

E pode confundir-se se a saída

Estiver ainda longe do presente
*

 

E meta por saída que o não era...

Por mim, confio na tenacidade

Com que renasce cada Primavera
*

 

Tão segura na sua leviandade;

Quem ama a vida é da vida que espera

O doce fruto da maturidade.
*

 


Maria João Brito de Sousa - 03.03.2021 - 17.03h
*


4.
*

"O doce fruto da maturidade"

tem o sabor da antiga profecia:

quanto mais velho mais sabedoria

se caminhaste na senda da verdade.
*

Ela está dentro de ti e, com a idade,

podes rever, em consciência, a via

que te liberta da tensão vazia

para te preencher de felicidade.
*

A felicidade é um sentir sereno

onde flui tua alma em tempo ameno

ou mesmo se a tormenta te atacou...
*

Podes sentir-te docemente pleno

como sentiu Jesus, o Nazareno,

que, mesmo incompreendido, perdoou.
*

Laurinda Rodrigues
***

5.
*

"Que, mesmo incompreendido, perdoou",

(creio que excptuando os vendilhões)

Aos homens em geral, ódio, traições

E até a quem à morte o condenou.
*


Tão perfeita não fui - inda o não sou... -,

Nem tão boa e tão pródiga em perdões,

Mas cá me vou guiando por padrões

Que essa maturidade me doou
*


E embora ande no fio de uma navalha,

Conheço muito bem a f`licidade;

Come e bebe comigo e nunca falha
*


Quando lhe peço força de vontade,

Um poema mais belo, quando calha,

E a lucidez dos velhos-sem-idade.
*


Maria João Brito de Sousa - 03.03.2021- 19.23h
***

6.

"E a lucidez dos velhos-sem-idade"

não me venham dizer que é lucidez!

Talvez seja pedaços de saudade

daquele imenso génio português,
*

Feito de sonho e força de vontade,

que fez frente ao vazio e à aridez,

buscando, em consciência, a placidez

de descobrir a luz, que o mar invade.
*

Vamos perdendo aquilo, já conquistado,

que é sangue desse sangue, semeado

na genética de muitos invasores
*

E, depois, numa síntese transformado

em ser diferente e sempre emancipado

de tantas turbulências e horrores.
*

Laurinda Rodrigues
*

***

7.
*

"De tantas turbulências e horrores"

Se vai cobrindo esta desolação,

Que alguns perdem o norte ao coração

E a razão já viu dias melhores...
*


A lucidez, porém, resiste às dores

E a todo o tipo de devastação;

Só mesmo a morte a verga se, à traição,

Lhe crava o letal ferro, entre estertores,
*


E, às vezes, a demência também vence

A lucidez profunda conseguida

Por esse ou essa a quem ela pertence,
*


Que a lucidez é graça garantida

A quem muito vivendo, muito pense

Sobre Si, sobre o Outro e sobre a Vida...
*


Maria João Brito de Sousa - 04.03.2021 - 10.57h
***

8.
*

"Sobre Si, sobre o Outro e sobre a Vida..."

é pensamento que devora os dias,

coberto de temores e de agonias,

para que a morte não seja consentida.
*

O corpo é uma história muito lida

nos sinais onde as horas são os guias

mas, nessas caminhadas tão vazias,

esquecemos que é a alma que convida

*

a descobrir a Si, ao Outro, Todos

sem nunca desistir com os engodos

que aparecem na sombra do caminho...
*

E, sempre navegando pelos lodos,

com paciência e com suaves modos,

não ficarás nem triste nem sozinho.
*

Laurinda Rodrigues
***

9.
*

"Não ficarás nem triste nem sozinho"

Quando souberes que tudo o que viveste

Faz parte do que, em ti, reconheceste

Como vestido teu tecido em linho
*


Por vezes com ternura e com carinho

E, outras, um bocadinho mais agreste,

Pois nem sempre o tecido que teceste

Teve a textura suave do teu ninho,
*


Não, não concebo um` alma independente

Deste corpo de carne e sangue e ossos

E só me sei tecer enquanto gente.
*

Ainda que me cubram de destroços,

É desse todo que me emerge, urgente,

A rebeldia que há nos velhos-moços.
*

Maria João Brito de Sousa - 04.03.2021 - 13.36h

***

10.
*

"A rebeldia que há nos velhos-moços"

não se confunde com pura teimosia

que a falta de razão às vezes cria

para fugir à prisão dos calabouços.
*

Mesmo com cordas presas aos pescoços

onde a voz, já cansada, desafia

quem inda possa ouvi-la muito fria

no momento final que a prende aos ossos,
*


Façamos esse gesto de clemência

de dizer versos perante uma audiência

que, entretanto, fugiu de tão cansada
*


E imploremos a Deus, numa deferência,

que nunca mais tenhamos consciência

de sermos, uns para os outros, quase nada.
*

Laurinda Rodrigues

***

11.
*

"De sermos, uns para os outros, quase nada"

E, simultaneamente, tanto mais

Quanto mais nos sintamos desiguais

Na sintonia mal sincronizada
*

Desta desolação quase assombrada

Das casas já sem portas nem umbrais

Porquanto pela porta já não sais

Se não depois de morta ou condenada.
*


Exagero, bem sei... e no entanto,

É mesmo assim que o sente a maioria

Que vive aprisionada no seu canto
*

Sem ter a bênção que é a poesia,

Sem estas asas de paixão e espanto,

Murchando à míngua de uma companhia.
*

Maria João Brito de Sousa - 04.03.2021- 17.30h
***

12.
*

"Murchando à míngua de uma companhia"

estamos todos agora em reclusão

sem sentirmos do Outro mão-na-mão

que nos inspira os temas da poesia.
*

Mas falar por falar, no dia a dia,

apenas por rotina ou compaixão

agrava esse sentir da solidão

que, já antes de agora, acontecia.
*

Exorto cada um à dança e ao canto.

Exorto ao grito de prazer e espanto

porque a voz com expressão tem de se ouvir...
*

E dentro de uma casa, num recanto,

deitem fora o papel que enxuga o pranto

e todos, todos juntos, vamos RIR.
*

Laurinda Rodrigues
***

13.
*

"E todos, todos juntos, vamos RIR"

Pra construir algo mais belo e são

Sobre os destroços da desolação

Que como tudo o mais irá ruir
*


Então, a solidão irá sumir,

A flor escondida vai brotar do chão,

Nas ruas vai dançar a multidão

E nessa noite ninguém vai dormir...
*


Mas muito tempo ainda vai passar

Antes desta batalha estar vencida

E muito, muito ainda há que lutar
*


Para podermos ter de novo a vida

Com a qual estamos todos a sonhar

No fim de uma batalha tão sofrida.
*


Maria João Brito de Sousa - 04.03.2021 - 18.48h
***

 

14.
*

"No fim de uma batalha tão sofrida

nem vamos perceber o que acontece

aquilo que foi vivido não se esquece

mas pode ser um ponto de partida
*


Para dar ao pesadelo a despedida

e paz ao coração, que bem merece,

no conforto do amor que o engrandece

sem ter de se afogar numa bebida.
*

E, mesmo sem negar o que passou,

a tragédia que a tantos alcançou

numa dor que só a cruz explica,
*

Aceito humildemente o que ficou

e, na prece que essa cruz honrou,

"choro quem parte e temo por quem fica"
*

Laurinda Rodrigues
***

 

 

 

04
Mar21

DESOLAÇÃO

Maria João Brito de Sousa

desolação.jpg

DESOLAÇÃO
*


Choro quem parte e temo por quem fica;

Se a vida tem remédio, a morte não

E o mundo vai caindo em depressão,

Sem que se saiba tudo o que isso implica
*


Já que ao que tudo ou quase tudo indica,

Pouco nos deixa, esta devastação

Pr`além do rasto de desolação

Que diante de nós se multiplica
*


Como vírus que, entrando em mutação,

Corrói um mundo do qual não abdica

Ao devorar-lhe a carne feita pão.
*


Lá longe, ouve-se um sino que repica

E uma voz que suplica a salvação

Na ilusão do que isso significa...
*


Maria João Brito de Sousa - 03.03.2021 - 11.07h

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