TRÊS SONETOS DO DIA
UM OUTRO MAR, TAMBÉM PORTUGUÊS... II
Aqui, no "blogomar", já fui feliz!
Acreditei. Fui eu. Ousei sonhar
E naufraguei por não saber nadar
Onde quase ninguém é o que diz...
Quanto me dei ao mar! Quanto lhe quis!
Quanto de mim pensei poder-lhe dar!
Este inconstante mar quer-me afogar
Por algo que nem sei dizer se fiz...
Meu cansaço é imenso, indescritivel.
Atónita, sondando o invisivel
Até aonde a alma alcança em mim,
Não vejo, em vislumbro uma resposta,
Evito a tempestade e dou à costa
À espera de que o mar me aceite assim...
JULGAR... Ao Mestre António Aleixo
De quanto erro se faz por este mundo,
Talvez seja o pior julgar errado
E saia o julgador mais mal-tratado,
Se tiver consciência, lá no fundo...
Eu nem penso em julgar, porque confundo
Aquilo que sei ser c`o que é julgado...
Por isso nunca julgo! Isso é pecado,
Pura perda de tempo, algo infecundo...
Prefiro acreditar! Acreditando
Sobrevivo à mentira e, não sei quando,
Hei-de chegar ao fim do meu caminho...
Quem mais julga, mais erra, com certeza;
Eu, escrava da verdade e da beleza,
Prefiro não julgar, nem o vizinho...
AINDA/EMBORA
Ainda os amanhãs que estão por vir,
Ainda a madrugada abrindo em flor,
Ainda acreditar e SER amor
Neste Luso jardim, todo a florir...
Ainda ir mais além, poder sorrir
Em cada dia-a-dia... (embora a dor...)
Seguir em frente e, sem sentir rancor,
Ser mar (embora EU...) não desistir...
Ainda bem que sou porque deus quer
Poeta (embora o corpo de mulher...)
Em Jangada de sonho e maré alta!
Ainda eu (embora o recolher...)
Poeta porque Deus me quis `scolher
Ainda/Embora NADA eu faço falta!
Imagem - "Anunciação do Cristo Amarelo a Paul Gauguin"
Maria João Brito de Sousa (Pastel de Óleo e essência de
terebentina sobre madeira, 2006)