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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
18
Jun18

CONVERSANDO COM JOAQUIM SUSTELO - TEMPO

Maria João Brito de Sousa

spitzweg-carl-o-poeta-pobre-1839.jpg

 

MURMÚRIOS DO TEMPO

 
Às vezes há murmúrios pelo tempo…
O vento geme em portas e janelas
As nuvens dissimulam as estrelas
O sol fica sem brilho, pardacento


O céu muda de azul para cinzento
A chuva traz-nos novas aguarelas;
Mudando a Natureza as suas telas
Talvez ela até faça algum lamento

 
Porém o tempo chora e há beleza
No cinza de que veste a Natureza
Embora haja uma bruma no seu rosto

 
Serão choros do tempo, de tristeza?
Há tratos que lhe damos com rudeza
Talvez haja no choro algum desgosto...

 

 

Joaquim Sustelo

 

(editado em MURMÚRIOS NO TEMPO)

 

...* ...



SILÊNCIOS DO TEMPO



Outras vezes o Tempo silencia

As vozes murmuradas dos poetas,

Guardando-as em caixas tão secretas

Que nem um adivinho as acharia



E ninguém sabe por que as guardaria,

Por que razão as cala se, directas,

Essas vozes se erguiam muito erectas

No tempo em que o poema resistia.



Lamentos, ou sorrisos, ficam mudos

Nas gavetas dos linhos, dos veludos

E das sedas que o Tempo resguardou



Dos humanos ouvidos, quais riquezas

Que se tornassem bem guardadas presas

Do silêncio a que o Tempo as condenou.





Maria João Brito de Sousa – 17.06.2018 – 14.47h

 

 

Imagem - O Poeta Pobre - Carl Spitzweg

 

17
Jun18

CONVERSANDO COM JAY WALLACE MOTA

Maria João Brito de Sousa

LUMINÁRIA.jpg

 

PAIXÃO DE NAMORADOS



Como a chama reclama combustível,
Para manter-se acesa e aquecida,
A paixão, igualmente perecível,
Depende do desejo pra ter vida.



Como a chama, a paixão é suscetível 
De extinguir-se depois de consumida,
Mantendo-se, porém, inexaurível,
Se a fonte dos desejos for mantida!

 

Não a fonte da eterna juventude, 
Mas a tal sensação de plenitude
Que completa os casais apaixonados;

 

Que funde, além dos corpos, nossas almas
Nas chamas da paixão, que, mesmo calmas,
Nos fazem para sempre namorados!

 

 

Belém, 12 de junho de 2018.
Jay Wallace Mota.

 

...* ...



A CHAMA DA AMIZADE



E quando a chama acesa permanece

Cúmplice, humana, atenta e solidária,

Quando por tudo e nada se enternece

E emana uma luzinha igualitária,



Será companheirismo, o que enaltece

Essa luz que julgámos temporária,

Mas que reluz ainda e mais parece

Ter-se tornado humana luminária.



Não explode em grandes brilhos de paixão,

Mas vai-nos garantindo a combustão

Por muito, muito tempo, essa luzinha



Que se acendeu na ponta de um rastilho

E cuja chamazinha, no seu brilho,

Começa a ser tão tua quanto é minha.





Maria João Brito de Sousa – 17.06.2018 – 10.17h

 

22
Dez17

CONVERSANDO COM HELENA TERESA RUAS REIS

Maria João Brito de Sousa

Paz.jpg

 


CONVERSANDO COM HELENA TERESA RUAS REIS

 

 

"De primaveras mesmo sendo Inverno",

De um Verbo novo e sempre mais eterno

Por cada nascituro abrindo a vida,

Dar novo olhar à dor que foi vencida.

 

Natal feliz: um mundo p'ra o que sofre.

Abaixo os sons do mal e o cheiro a enxofre!

Renove-se p'la paz todo o terror

Co'a Bíblia ou o Corão chamado Amor.

 

O sono de Jesus nos dê sossego

Num berço onde a miséria enobrece

E humildes nos curvamos numa prece.

 

Fruto terno e raiz a que me apego...

Ó inverno em Natal nossa esperança,

Quimera que nasceu doce criança!  

 

 

 

Helena Teresa Ruas Reis

 

*********

 

"Quimera que nasceu doce criança"

E a todas as crianças representa

Fazendo, do Natal, terna mudança

Que a todos nos enlaça e nos sustenta.

 

Calem-se, então, os loucos da matança

Cuja riqueza, injusta e opulenta,

Nos torna a vida dura e sem parança

E sempre sacrifica alguém que tenta

 

Contra a ganância impor-se e dizer; Não!

Que nunca, nunca mais se nasça em vão,

Que nunca mais se sofram agonias,

 

Que se unam sempre o Amor e a Razão,

Pois cada um de nós tem por missão

Construir um Natal todos os dias!

 

 

Maria João Brito de Sousa – 22.12.2017

 

 

21
Dez17

CONVERSANDO COM CARMO VASCONCELOS

Maria João Brito de Sousa

DE TOMBO EM TOMBO....jpg

 

 

MEU LUGAR



Carmo Vasconcelos



O meu lugar cativo está no Além,

que este daqui, por marco provisório,

tem seu tempo marcado, transitório,

é morada perpétua de ninguém.



Estamos de passagem, mas porém,

não é caminho vão, de todo inglório,

pois se revela p'ra alma sanatório

de erros passados - carma que detém.



Na breve estada cabe-nos saldar

o "deve" e "haver" de vidas mal vividas

na displicência própria dos infantes;



sair da senda dos ignorantes,

crescer na luz das chances concedidas,

p'ra ganharmos, enfim, "nosso lugar".



Carmo Vasconcelos



DE TOMBO EM TOMBO ATÉ SE DESFAZER



Seja Depois o meu lugar cativo,

que no Tempo o concebo e não no Espaço

onde inteira me entrego ao tempo escasso

de amigos e poetas com quem privo.



Também estou de passagem... se hoje vivo,

nunca sei se amanhã se solta o laço,

mas enquanto te encontro, a ti me abraço,

poema que me tentas, louco e esquivo...



No “deve” e no “haver”, fico a perder;

devo mais do que dou, dando-me inteira

de corpo e alma e mais do que o possível,



Mas foi-me agreste a sorte que, insensível,

transmutou rocha em seixo de ribeira

que tomba e rola até se desfazer...





Maria João Brito de Sousa – 29.12.2017 – 11.10h

 

20
Dez17

CONVERSANDO COM REGINA COELI

Maria João Brito de Sousa

piuiiiiii.jpg

 

    SAUDADE DO PIUÍÍÍ

*

 

Regina Coeli

 

Lá longe, onde o passado jaz perdido,

Sempre via um alegre trem passar;

Deixava som saudoso ao meu ouvido,

Um gostoso "piuííí" solto no ar...

*

 

A criançada, olhar embevecido,

Aplaudia o trenzinho em seu cantar,

"Piuííí, Piuííí!", um eco repetido

Até sumir sua imagem devagar...

*

 

No relembrar de dias tão distantes

Fica-me uma tristeza acre e sem fim:

Jamais verei "piuííís" como vi antes...

*

 

Um trem desliza e corre pelo chão,

Circula e encanta todos, não a mim,

Porque não traz "piuííí” ao coração...

*

 

Regina Coeli

 

Brasil

 

 

 

MEMÓRIAS DO “POUCA-TERRA, POUCA-TERRA”

*

 

Não houve “piuííís” no meu Dafundo,

Mas houve um “pouca-terra, pouca-terra”

Que enchia todo o meu pequeno mundo

Das fantasias que outro mundo encerra...

*

 

Passa agora um comboio, longe, ao fundo,

Mais distante e tão rápido que enterra

Ao passar bem veloz, num só segundo,

Sessenta e cinco anos, quando berra

*

 

Sobre os carris de ferro que devora...

Ao velho “pouca-terra” evoco em vão;

Não é tristeza, não, que essa não mora

*

 

No mais profundo do meu coração...

A menina cresceu, sofreu... não chora,

Mas ama ainda como amava então...

*

 

Maria João Brito de Sousa -19.12.2017 – 18.28h

 

Portugal

 

14
Dez17

CONVERSANDO COM ALDA PEREIRA PINTO

Maria João Brito de Sousa

ENCONTRO CASUAL.jpg

 

 

SONATINA XII (do livro "Treva Branca")





É bom que eu viva ao léu, pois me acostumo

à solidão que assusta a quem não crê,

pois se de algum receio eu sou mercê,

passeio, canto e ando, rio e fumo.



Num certo dia que virá, presumo,

não tendo amigos nem sequer você,

talvez que eu me lamente, só porque

a sorte não nos pôs no mesmo rumo.



E, se ao chegar a hora em que se apaga

a luz da vida, uma saudade vaga

quiser velar na minha soledade,



ouvidos não darei ao seu alento,

porque saudade é sempre sofrimento

por mais que seja alegre uma saudade.



Alda Pereira Pinto



Brasil



Soneto recolhido no blogue “O Secular Soneto”

 

 

**********





ENCONTRO CASUAL DE DUAS SOLISTAS

 

 


Não passeio, nem canto. Escrevo e fumo

enquanto grafo um verso... talvez dois...

outros doze, a jorrar, virão depois

completar-me o soneto em que me assumo

 

Reflexo de um poema – ou seu resumo... -

nos estilhaços em que o desconstróis,

honesto, firme, não sonhando heróis,

de ti colhendo o fruto. A polpa. O sumo.

 

Vi-te por mero acaso. Este soneto

foi o ponto de encontro, o mar secreto

onde já de partida eu navegava

 

Quando te vi passar rebelde, agreste...

Olhei-te fixamente, mas nem deste

por mim, que estranhamente em ti me olhava.

 

 

Maria João Brito de Sousa – 14.12.2017 – 09.00h

 

Portugal

 

 

 

 

 

27
Nov17

CONVERSANDO COM O POETA ADÍLIO BELMONTE

Maria João Brito de Sousa

Ai quemme dera II.jpg

 


PINGOS DE CHUVA



Há no inverno e também neste verão,
Fazendo reflorir todas as flores
E muito amor ao nosso coração,
Livrando-nos a todos de suas dores.

Os pingos batem forte no telhado
Tal qual som musical em harmonia
Que sai do piano ao toque do teclado,
Como todos nós numa sinfonia.

Cantemos todos nós em dós e rés
Juntamente com todos trovadores,
Pois o grande concerto já se instalou.


Tal musicalidade é das marés
Sobre bravos e fortes pescadores
Dos mares que o poeta já nos falou.


Adílio Belmonte



Belém – PA - Brasil

 

***********



DE OLHOS NO HORIZONTE E MÃO NO LEME



Que a musicalidade das marés
Te traga inspiração e força e esp`rança!
Que nessa Barca e sobre o seu convés,
Em vez de tempestade, haja bonança!

Que o céu, que agora está negro-de-pez,
Se encha das cores do arco-da-aliança
Preenchendo esse negro que ora vês
P´ra tornar mais harmónica a mudança!

Haja o que houver, que a Barca permaneça,
Que nas ondas do Mar nunca pereça
Essa que tudo enfrenta e nada teme

E nem a Tempestade nos impeça,
De rumar devagar, ou mais depressa,
De olhos no Horizonte e mão no Leme!


Maria João Brito de Sousa - 27.11.2017 - 10.12



Oeiras, Portugal

 

 

20
Nov17

CONVERSANDO COM JOSÉ SARAMAGO

Maria João Brito de Sousa

rasto.jpg

SONETO ATRASADO



De Marília os sinais aqui ficaram,
Que tudo são sinais de ter passado:
Se de flores vejo o chão atapetado,
Foi que do chão seus pés as levantaram.

Do riso de Marília se formaram
Os cantos que escuto deleitado,
E as águas correntes neste prado
Dos olhos de Marília é que brotaram.

O seu rasto seguindo, vou andando,
Ora sentindo dor, ora alegria,
Entre uma e outra a vida partilhando:

Mas quando o sol se esconde, a noite fria
Sobre mim desce, e logo, miserando,
Após Marília corro, após o dia.



José Saramago

In “Os Poemas Possíveis”

 

**************

 

SONETO DO ENCONTRO TARDIO



Atrás de mim vieste e me alcançaste

No rasto dos sinais por mim deixados,

Mas tivesse eu mais rio, mais chão, mais prados,

Soubesse eu desses sonhos que sonhaste,



Mais sinais deixaria onde passaste;

Mais lágrimas, mais risos entoados,

Mas muito menos passos apressados

Teria dado até onde me achaste...



Caminhava apressada pela vida,

Sem cuidar de cuidar que havia um fim,

Sem notar que passava distraída,



Mas que um rasto deixava e, sendo assim,

Te apontava uma rota percorrida

Que antecipava a tua, atrás de mim...



Marília



(Maria João Brito de Sousa – 20.11.2012 – 11.20h)

24
Abr17

CONVERSANDO COM FLORBELA - (Vidas e pontos de vista)

Maria João Brito de Sousa

Florbela Espanca - retrato desenhado.jpg

 

A MINHA TRAGÉDIA

*



Tenho ódio à luz e raiva à claridade

Do sol, alegre, quente, na subida

Parece que a minh`alma é perseguida

Por um carrasco cheio de maldade!

*



Ó minha vã, inútil mocidade,

Trazes-me embriagada, entontecida!...

Duns beijos que me deste noutra vida,

Trago em meus lábios roxos a saudade!...

*



Eu não gosto do sol eu tenho medo

Que me leiam nos olhos o segredo

De não amar ninguém, de ser assim!

*



Gosto da Noite imensa, triste, preta,

Como esta estranha e doida borboleta

Que eu sinto sempre a voltejar em mim!...

*



Florbela Espanca



In "Livro de Mágoas"



6749197_pgiD1.jpeg

 



UM POUCO DE MIM

*





Eu, em compensação, gosto dos dias,

Do Sol, do brando afago de uma brisa,

Do meu passo a deixar no chão que pisa

Um rasto de pequenas utopias.

*



Gosto das mil serenas melodias

Duma planta que cresce e se enraíza

E, tanto quanto sei, não sou juíza,

Nem de homens, nem de humanas bizarrias.

*



Nunca odiei ninguém, mas... raivas, tenho!

Há, com efeito, coisas que desdenho

Sempre que me pareçam ser nocivas;

*



Crenças humanas contra as quais me empenho

Quando pr` analisá-las me detenho

E as sinto injustas, fúteis, destrutivas.

*





Maria João Brito de Sousa - 24.04.2017 - 13.49h





 

12
Jan17

CONVERSANDO COM MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE IX

Maria João Brito de Sousa

PUZZLE.jpg

 



SAUDADE

 

A saudade chegou quando partiste

E trouxe a solidão gelada e fria

Feita flocos de neve, que persiste

Tornando a madrugada tão sombria

 

 

O luar transportou sentido e triste

O silêncio da voz que se queria

Mas, no sol que nasceu tu me sorriste

Porém de olhos fechados para o dia

 

 

Deixei teu nome esculpido de cobre

Na pedra negra e dura que te encobre

E da enorme paixão que te assolou

 

 

Deixei em bronze um busto de corcel

Sendo o teu companheiro mais fiel

Na memória feliz que me ficou

 

 

MEA

9/01/2016





FRAGMENTO(S)



Tive saudades, sim, que sendo humana

E não tendo, do Tempo, havido tempo

Para o que realmente o Tempo sana,

Em tempos, foi magoado o meu tormento,



Bem como dura a dor que ainda emana

Desta (in)sustentação que é meu sustento

Que quanto mais me of`rece, mais me engana,

Mais me transforma em folha solta ao vento,



Quando aspiro à raiz que, em terra plana,

Sobrevive, teimosa, ao turbulento

Dos sopros com que o vento inda me abana,



Das horas que me morrem num momento,

Dos anos que me fogem, por semana,

Deste jogo em que, inteira, me fragmento...





Maria João Brito de Sousa - 10.01.2017 - 11.08h

 

 

01
Dez16

CONVERSANDO COM MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE II

Maria João Brito de Sousa

HISTÓRIA ANTIGA.jpg

 

PASSEIO-ME POR TI



Passeio-me por ti, com tuas mãos

Quando elas em mim abrem os caminhos

Que exploram nas veredas dos meus chãos

Os becos fervilhantes de carinhos

 

E quando neles fazem seus os ninhos 

Teus dedos verdadeiros artesãos

Tecem afago em todos os cantinhos

Onde existam os mais pequenos grãos

 

Já cansados teus dedos se sossegam

Procurando plos meus que não se negam

Nessa entrega tão doce e tão feroz

 

Mas quando com os meus eles se enlaçam

E os nossos corpos vibram e se abraçam

O mundo não existe para nós

 

 

MEA

30/11/2016



HISTÓRIA (MUITO) ANTIGA



Há muitos, muitos anos, passeavam

- as mesmíssimas mãos que hoje procuram

poemas, dos que a vida me asseguram... -

As minhas, que então nada procuravam



E nesse quase nada, se bastavam,

Quando é num quase tudo que me curam,

Me percorrem o corpo, mo fracturam

E me saciam do que então buscavam...



Mas, creio bem, ninguém pode entender

Que este meu fogo tenha mais poder

Que os fogos de erotismo juvenil



Que, em tempos, me acabaram por fazer

Perder das mil palavras por nascer

De outro mel bem mais doce e mais subtil.





Maria João Brito de Sousa - 30.11.2016 - 21.34h

 

07
Nov16

LIVRO(S) DE MÁGOAS

Maria João Brito de Sousa

Florbela Espanca - retrato desenhado.jpg

 

ESTE LIVRO

 

Este livro é de mágoas. Desgraçados,

Que no mundo passais, chorai ao lê-lo!

Somente a vossa dor de Torturados

Pode talvez senti-lo... e compreendê-lo.

 

Este livro é pr`a vós. Abençoados

Os que o sentirem, sem ser bom, nem belo!

Bíblia de tristes, ó Desventurados,

Que a vossa imensa dor se acabe ao vê-lo!

 

Livro de Mágoas... Dores... Ansiedades!

Livro de Sombras, Névoas e Saudades!

Vai pelo mundo... (trouxe-o no meu seio...)

 

Irmãos na dor, os olhos rasos de água,

Chorai comigo a minha imensa mágoa,

Lendo o meu livro só de mágoas cheio!

 

 

Florbela Espanca

In "Livro de Mágoas"

 

 

 

ALMAS GÉMEAS

 

 

Destes sonetos meus, que ousei escrever,

Também brotaram mágoas - porque não? -,

Mas muito além da mágoa, vi nascer

Uma mesma incomum comum paixão

 

E da mesma paixão  nos vi morrer...

Entendo-te a precoce rendição,

Irmã dos mil sonetos que eu tecer

Pr`além dos que me nascem sem razão,

 

Mas como condenar-ta, se entender

Que a dor que te matou teve a função

De engendrar teus sonetos? Que fazer,

 

Se te bendigo a própria maldição?

Florbela, eu que te sei, sem te saber,

Como glosar-te, assim? Sonhei-te, então?

 

 

Maria João Brito de Sousa - 07.11.2016 - 13.58h

 

(Inédito, respondendo ao soneto "Este Livro", de Florbela Espanca)

 

ALMAS GÉMEAS.jpg

 

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